Tudo para dar certo

Analistas acreditam que 2013 será um bom ano para
a comercialização do arroz.

Depois de encerrar 2012 comemorando os bons preços obtidos pelo arroz ao longo do ano, o setor deposita esperanças numa comercialização rentável em 2013. O cenário indica boas chances disso acontecer, mas há fatores que podem interferir no resultado, tanto positiva quanto negativamente.

O presidente da Federarroz, Renato Rocha, acredita que 2012 foi um ano de avanços, principalmente com relação à repactuação das dívidas setoriais e à reação dos preços, com o ajuste da oferta e da demanda no mercado doméstico. “As exportações foram novamente o ponto alto. De negativo apenas a importação acima do necessário e o fato de parte dos agricultores terem sido forçados a vender o arroz no primeiro semestre, sem alcançar a rentabilidade proporcionada pelas condições de mercado no final do ano”, resume Renato Rocha.

O analista de Safras & Mercado, Eduardo Aquiles Souza, destaca que a “largada” da safra com preços superiores a 2012 é importante para consolidar os valores ao longo do ano, embora possam interferir negativamente o excesso de importações e nova oferta de arroz dos estoques públicos pela Conab para conter a inflação.

O consultor Tiago Sarmento Barata, da Agrotendências Consultoria em Agronegócio, diz que saber quais serão as condições do mercado na abertura da safra é o principal objetivo das análises na cadeia produtiva no momento. “Desconsiderando a posição inicial do estoque público, que não impactará o mercado no momento, partimos de uma posição de estoque privado similar ao ano anterior e da expectativa de safra superior em aproximadamente 450 mil toneladas à safra passada. Trabalhamos, portanto, com uma disponibilidade próxima de 400 mil toneladas de arroz a mais do que havia há um ano. Não é um volume tão significativo que justifique, isoladamente, uma desvalorização”, explica.

Por outro lado entende que a participação da soja no portfólio dos produtores pode ser importante para minimizar a pressão de oferta no pico da safra. A referência dos preços praticados nos últimos meses também deve influenciar as negociações.

“De qualquer forma, a principal força no mercado doméstico neste ano deve ser, de novo, atribuída à demanda, especialmente com foco na exportação. Neste sentido o desempenho das exportações brasileiras de arroz depende da competitividade do produto no mercado externo. Historicamente somos mais competitivos no primeiro semestre, quando se intensifica a entrada de produto da nova safra. Assim como se viu em 2012, a recuperação das cotações do arroz no mercado doméstico ocorre naturalmente como consequência do enxugamento da oferta promovido pela exportação”, frisa. Portanto, a recuperação de preços depende da exportação, que se viabilizará se houver competitividade.

Paulo Morceli, analista da Companhia Nacional de Abastecimento, enfatiza que a redução dos estoques do Mercosul é uma boa notícia aos produtores. Segundo ele, 2013 deve ser um ano no qual a média dos preços pagos ao produtor ficará acima do custo de produção.

A exceção, segundo Eduardo Aquiles Souza, da Safras & Mercado, é o pico de safra. “No pico de safra e imediatamente após a colheita é histórica a queda de preços, principalmente no Sul, por conta do excesso de oferta e da entrega de arroz a depósito nas indústrias e cooperativas”, reforça. Este, segundo o presidente da Federarroz, Renato Rocha, é o momento ideal para “não vender”.

FIQUE DE OLHO
A valorização do real perante o dólar, ocorrida nos primeiros 45 dias de 2013, é um dos fatores de preocupação dos analistas frente ao desempenho do mercado de arroz em 2013/14. O real valorizado retira a competitividade brasileira no mercado externo. Apenas nos primeiros dias de fevereiro os preços do arroz em dólar subiram 3%. Desta maneira, o câmbio é decisivo para o ano do arroz, pois à medida em que o dólar desvaloriza, reduz os volumes de arroz exportado e pode aumentar as importações, pois o mercado brasileiro torna-se altamente atrativo para os vizinhos do Mercosul.

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