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Vedelago: evolução do manejo faz a diferença

O futuro da soja
está na Metade Sul
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A evolução no manejo da cultura da soja em terras baixas, tradicionalmente utilizadas para o cultivo de arroz no Rio Grande do Sul, pode ser mensurada pelo crescimento em área plantada que a oleaginosa vem registrando a cada safra. Em 2011/12, foram destinados 182 mil hectares para a cultura dentro do sistema de rotação com o arroz. Em 2012/13, a área foi ampliada para 300 mil hectares e a previsão para a próxima safra é de que seja cultivado um total de 400 mil hectares, de acordo com dados levantados pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).

A pesquisadora do Irga Cláudia Lange explica que, a partir da retomada dos estudos com a soja pela instituição, em 2004, ficou evidente que a cultura, além de fornecer uma renda extra para a propriedade, poderia também ser empregada para diversificar a produção, reduzir a infestação de plantas daninhas nas lavouras de arroz irrigado e também intensificar o uso de máquinas e das terras, principalmente nas áreas sob pousio. Mas os resultados obtidos em campo mostraram que era possível avançar ainda mais.

Segundo ela, o excelente desempenho das lavouras nesta safra conduziu o Irga a uma mudança de postura em relação às pesquisas com a soja em áreas de arroz. “Estamos plenamente convencidos de que a soja pode ser uma cultura estável, rentável e de alto potencial produtivo, com status de cultura principal, e não mais secundária. O que precisamos agora é desenvolver estratégias para construir este potencial produtivo e alcançar altas produtividades”, observa.

Na análise do pesquisador do Irga Anderson Vedelago, a evolução das técnicas de manejo em relação à época de semeadura, adubação, fitossanidade, irrigação e drenagem, compactação dos solos e etc. está mudando a visão que se tinha sobre a estabilidade da cultura, sobretudo na Metade Sul do estado. “O nível de conhecimento sobre a soja por parte dos arrozeiros está melhorando a cada safra. Há quatro anos não se tinha o grau de informação que se tem hoje. Isto se deve à troca de experiências entre produtores de arroz e de soja, mas também ao empenho de empresas e instituições de pesquisa. O Irga, por exemplo, conta com 40 núcleos de assistência técnica e extensão rural (Nates) capacitados para difundir novas tecnologias, e isso acelera o processo”, avalia.

QUEBRA DE PARADIGMA
Para Anderson Vedelago, pesquisador do Irga, o conceito que se tem sobre a Metade Sul ser ideal para cultura do arroz, mas não para a soja, está sofrendo uma mudança. Em médio prazo, a soja apresentará alta produtividade com estabilidade produtiva. “Os experimentos em campo têm mostrado que a soja em área de arroz tem potencial para alcançar altos índices de produtividade. Nesta safra, temos experimentos com rendimento de grãos próximo de 90 sacas por hectare. Hoje sabemos que, com o manejo adequado, o potencial produtivo da soja na Metade Sul é o mesmo do Planalto”, compara.

Outro comparativo que pode ser feito, conforme Vedelago, é em relação ao uso da água. “No Planalto, não há condições de irrigar áreas grandes em médio prazo. A Metade Sul, porém, já tem uma estrutura de irrigação. No caso do arroz, a demanda é de10 mil metros cúbicos de água por hectare durante todo o ciclo. A soja, por outro lado, requer intervenções em todo o ciclo, com aproximadamente 500 metros cúbicos de água por hectare em cada intervenção”, aponta.

Para os pesquisadores do Irga, a maior evidência de que o manejo da soja em área de várzea vem evoluindo a cada ano está nas boas produtividades obtidas nesta safra. Mesmo ocorrendo excesso hídrico nas lavouras nos meses de novembro e dezembro, há propriedades onde a média de produtividade está acima de 60 sacas por hectare. “A construção do potencial produtivo da soja em rotação com o arroz e o desenvolvimento de estratégias de manejo para alcançar altas produtividades apontam para uma nova configuração do sistema agrícola do estado: a nova fronteira agrícola do RS está na Metade Sul”, afirma Vedelago.

Reforço de peso
Em 2004, o Irga iniciou um novo projeto voltado ao desenvolvimento de cultivares de soja destinadas as áreas de várzea tolerantes ao excesso hídrico. O primeiro resultado desse trabalho é a variedade Tecirga 6070 RR, cujo lançamento oficial ocorrerá na Expointer 2013.
A pesquisadora do Irga e coordenadora dos estudos sobre a nova variedade Cláudia Lange diz que a pesquisa, realizada em parceria com a CCGLTecnologia, contou com 564 diferentes linhagens, todas submetidas à inundação, das quais foram selecionadas 64. “Desse total, retiramos apenas uma, a Tecirga 6070 RR, que apresentou as características que buscávamos: tolerância a excesso hídrico e ciclo médio, garantindo colheita em época propícia”, relata.

Ela explica que entre as vantagens do cultivo de soja em área de arroz está a possibilidade de a oleaginosa deixar resíduo de nitrogênio no solo, reduzindo os custos com adubação nitrogenada. “Além disso, a soja limpa o campo, livrando-o da invasão por arroz vermelho e preto. Colhendo a soja no seco, garante uma área pronta para o arroz. O produtor tem a garantia de que vai implantar a lavoura na melhor época”, avalia Cláudia.

Atualmente em fase de multiplicação de sementes, a Tecirga 6070 RR estará disponível em volume limitado a alguns produtores já na safra 2013/14, chegando ao mercado em grande escala em 2014/15.

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