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Arroz gaúcho: belas lavouras, mas resultado abaixo do esperado

Safra gaúcha será menor
do que a expectativa inicial.
Clima é o responsável
.

O calor excessivo, com temperaturas que superaram os 45 graus em muitos dias nos meses de dezembro e janeiro, e a sensação térmica superior a 50 graus centígrados em alguns horários foram determinantes para que a safra gaúcha de arroz não confirmasse a expectativa inicial de alcançar perto de 8,7 milhões de toneladas na temporada 2013/14. Com perdas em efeito dominó, a orizicultura precisou revisar suas projeções nas semanas finais da colheita. O Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), diante das contestações de produtores aos levantamentos oficiais, ampliou suas pesquisas de campo e constatou que o volume de grãos falhados impressiona.

Apesar de indicado como “normal” pelos meteorologistas, o clima foi o grande vilão da safra 2013/14 no Rio Grande do Sul, estado que representa mais de 60% da safra brasileira. Os problemas começaram no atraso da germinação, por falta ou excesso de umidade nas principais regiões produtoras, retardamento do plantio na Depressão Central, pela concentração de chuvas no período ideal de semeadura, e, principalmente, o calor excessivo, provocando o abortamento das flores. Também colaboraram o desempenho abaixo do esperado em algumas variedades e um episódio severo de brusone em diversas regiões, doença fúngica importante que chegou a exigir quatro aplicações de fungicidas em algumas lavouras, ampliando o custo de produção.

“É uma boa safra, mas que podia ter sido melhor. Desde o início do plantio, houve alertas dos produtores sobre o clima e os efeitos nocivos deste cenário para a lavoura. O volume de falhas ficou acima da expectativa. Há arroz para garantir o abastecimento interno e exportar, mas o mercado ficará um pouco mais ajustado”, diz o presidente da Federarroz, Henrique Osório Dornelles. Já o presidente do Irga, Cláudio Pereira, considera que a tecnologia tem sido fundamental para que o produtor faça frente ao clima. “O alto nível tecnológico do sistema de produção irrigado que os produtores gaúchos dominam dá segurança para a estabilidade da produção. Mas, ainda assim, um clima muito desfavorável sempre afetará a agricultura, que é uma atividade de imenso risco”, reconhece. O Irga projeta a safra gaúcha em torno de 8,15 milhões de toneladas, enquanto a Conab, com base em levantamento realizado em março, ainda estima em 8,4. Na temporada anterior, a colheita somou 8 milhões de toneladas.

FIQUE DE OLHO
As perdas em produtividade praticamente anularam o aumento de área ocorrido no Rio Grande do Sul, segundo os dados do Irga, divulgados com 96% da lavoura colhida. A diferença de 400 mil toneladas pode parecer pouco inicialmente, mas representa mais de um terço das exportações brasileiras em 2013/14 e quase 40% do que foi importado do Mercosul. Só cinco estados brasileiros produzem mais de 400 mil toneladas do cereal por ano. Com 95,15% das operações de colheita realizadas, foram produzidas 7,8 milhões de toneladas de arroz no Rio Grande do Sul, em 1.061.310 hectares. A produtividade média totalizou 7.384 quilos por hectare – variando de 6.440 quilos por hectare, na Planície Costeira Externa, a 7.921 kg/ha na Fronteira Oeste.

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