El Niño: impactos esperados para a próxima safra

Os produtores do Sul, por sua vez, deverão ser beneficiado.

O clima da próxima safra brasileira (2015/2016) deve preocupar os produtores brasileiros. O desenvolvimento do El Niño deverá mudar o regime de chuvas na fase de plantio nos principais polos do país. O Centro-Oeste poderá enfrentar problemas, mas a Região Sul tende a ser beneficiada, num jogo de perdas e ganhos que, no momento, parece não ameaçar, ao menos no caso da soja, mais uma colheita recorde.

O Centro-Oeste, de onde sai a maior parte da colheita de grãos do país, deverá receber chuvas irregulares e pontuais ao longo de toda a primavera – ou seja, até dezembro -, por influência das massas de ar originadas no sul do Pacífico, segundo a Somar Meteorologia. Isso significa que a soja e as culturas de primeira safra terão que ser plantadas em “doses homeopáticas”. Assim, a semeadura poderá ser mais lenta que em 2014. Em 2014/2015, o plantio atrasou na região, por causa de chuvas ininterruptas na segunda metade de setembro, e ganhou fôlego apenas em outubro, quando praticamente não houve precipitações.

No Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), onde quase todos os anos os agricultores encaram um período de cerca de 20 dias sem chuvas durante a primavera, o próximo veranico poderá ser mais prolongado. O problema é se chover e os produtores começarem a plantar antes desse período.

Os produtores do Sul, por sua vez, deverão ser beneficiados. Em anos de El Niño, a região costuma receber precipitações elevadas e constantes – e neste ano não deverá haver “invernadas” (longos períodos de chuva que atrapalham a semeadura) como houve em 2014. Toda semana haverá bons episódios de chuva, mas com mais intervalos.

Dessa forma, além de ajudar a soja, o clima deverá favorecer também o plantio de arroz no Rio Grande do Sul, que no ano passado foi dificultado pelos longos períodos chuvosos. Até o momento, porém, as chuvas não chegaram ao Rio Grande do Sul em uma quantidade suficiente para embalar o plantio da primeira safra de milho de 2015/2016, que foi iniciado por alguns agricultores.

A maioria, contudo, aguarda precipitações mais volumosas para deflagrar os trabalhos. No verão, a “regra geral” em anos de El Niño é que aconteçam períodos chuvosos no centro do país e secas mais rigorosas no Nordeste. Mas outras alterações climáticas indicam que este pode não ser o padrão para o próximo verão, período de desenvolvimento das plantas em que o clima é crucial para a produtividade.

A primeira alteração está relacionada ao ritmo de desenvolvimento do fenômeno. Assim como o sistema tem se fortalecido rapidamente nos últimos meses, ele pode perder força na mesma velocidade. Isso por causa de uma área do Pacífico próxima da Ásia onde as temperaturas não estão mais quentes que o normal – não configurando, dessa maneira, um “verão típico” de anos de El Niño. Outra alteração é um aquecimento acima da média nas águas no sul do Pacífico, perto do continente americano.

Essa anomalia já ocorreu no verão passado e gerou falta de chuvas no centro brasileiro. Os mapas da Somar indicam que, em janeiro, essa porção estará extremamente quente, o que deverá conter as precipitações do próximo verão. A planta pode se desenvolver melhor com chuvas pontuais. A produção de soja poderá sofrer impacto, porque janeiro vai ser mais quente do que a média.

O escritório de meteorologia do governo da Austrália confirmou que o El Niño deste ano já é o mais forte desde o ocorrido entre o inverno de 1997 e outono de 1998. Naquela safra, as colheitas de soja e milho apresentaram ganhos de produtividade no Brasil – o rendimento da 2ª safra de milho subiu 32%.

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