Sistema Farsul projeta aumento na área plantada e produção nas principais culturas em 2019
O arroz deve ter nova diminuição da área plantada (-6,5%) devido aos desafios dos altos custos de produção que frequentemente superam os valores pagos ao produtor.
O Sistema Farsul apresentou em coletiva de imprensa, nesta quinta-feira (06), o relatório econômico de 2018, as projeções para o próximo ano e elencou os desafios a serem enfrentados para que o Brasil possa alavancar o desenvolvimento econômico. A expectativa para o campo gaúcho é que haja um crescimento de 3,4% na área plantada de grãos, assim como incremento de 3,4% em produção. O aumento de volume, no entanto, não superará o recorde da safra de 2017.
O presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, introduziu os principais assuntos que estão sendo levados às equipes dos governos estadual e federal que assumirão em janeiro: questões como o seguro rural, além de temáticas que impactam todos os setores da economia e refletem no agronegócio brasileiro, como a importância de abertura econômica, privatizações de serviços onerosos para o Estado e mudanças nas políticas tributária e previdenciária.
“Temos que mexer na estrutura do Estado. Temos um Estado extremamente inchado, estamos com a máquina pesada nas três esferas da administração. Precisamos reformar as estruturas para que ele possa se concentrar no que realmente é o papel do Estado e fazer concessões e privatizações nas outras áreas”, afirmou Gedeão.
Resultados e Projeções da Safra
Após um ano marcado por eventos climáticos que afetaram a produção de soja na metade sul, resultando em uma quebra de 6,4% na comparação com 2017, a expectativa é de uma recuperação do setor, com aumento de área (2,5%) e produção (5,3%) do grão, adiantou o economista do Sistema Farsul, Antônio da Luz. Milho (3,4%) e Trigo (31%) ajudam a puxar a expansão da área plantada, que pode chegar a 8.885 mil hectares na safra 2019.
Situação diferente no caso do arroz, que deve ter nova diminuição da área plantada (-6,5%) devido aos desafios dos altos custos de produção que frequentemente superam os valores pagos ao produtor, apesar de um aumento no preço devido às exportações resultantes dos leilões PEP e Pepro. Como resultado, os produtores estão migrando para outras culturas, como a soja, o que explica a projeção de queda tanto da área plantada de arroz pelo segundo ano consecutivo, quanto da safra (-5,3%) em 2019.
Já com relação à pecuária, o ano de 2018 trouxe um princípio de recuperação dos preços do leite, afetado pela crise econômica em 2017. O economista estima que um terço dos produtores de leite deixaram a atividade. Em 2018, houve uma recuperação de 36% no preço acumulado de janeiro a novembro e é esperada uma ligeira elevação de 0,85% na produção. A pecuária de corte gaúcha fechará o ano com número de abates estável em relação a 2017 e queda de 6% do faturamento, devido à retração do preço.
Antônio da Luz expressou otimismo com relação ao próximo ano, já que entende que a falta de confiança do empresário e do consumidor têm represado investimentos nos últimos meses, mas expressou a preocupação com relação aos retornos da safra de 2019, que está sendo plantada a custos altos, sob pressão da elevação do dólar que encarece insumos, mas que será colhida em outro momento, em que a flutuação cambial pode ameaçar os ganhos do produtor.
Crédito Rural e Seguro Agrícola
Ao apresentar o relatório econômico e as perspectivas para 2019, o economista do Sistema Farsul, Antonio da Luz, reiterou os gargalos do crédito rural, que teve um aumento no volume, mas uma queda no número do contratos, o que evidencia que existe uma disponibilidade de recursos, mas obstáculos na contratação:
“Precisamos diversificar as fontes de financiamento, que atualmente estão concentradas em poucos bancos, o que desestimula a redução do juro cobrado do produtor”, afirmou ao revelar que dez mil produtores rurais deixaram de acessar os recursos.
Gedeão Pereira ressaltou o papel do Seguro Rural para dar segurança ao produtor e facilitar a tomada de crédito ao dar uma garantia de retorno, já que as condições que o agricultor encontra ao investir na lavoura podem ser diferentes daquelas estabelecidas no momento da venda.
Mercado Externo
Em relação ao cenário externo, a consolidação da China como mercado para os produtos agropecuários brasileiros e a liberalização do mercado brasileiro para incentivar as exportações. A Farsul tem levado à esfera federal o pedido para o aprofundamento do Mercosul para viabilizar a entrada de insumos com os mesmos preços praticados em estados vizinhos, já que o produtor brasileiro chega a pagar até quatro vezes mais pelos mesmos produtos. A medida permitiria equilibrar o custo de produção com outros países do bloco para gerar mais competitividade.
Competitividade e Qualificação
Entre as dificuldades para concorrer com mercados externos, está a falta de eficiência do Brasil em relação aos seus competidores, situação que deve ser resolvida pelo caminho da qualificação: “Em vez de políticas assistencialistas, temos que ensinar a pescar. E isto é algo que sempre temos em vista. Só no ano passado, o Senar-RS qualificou mais de 120 mil pessoas para o trabalho no campo. São pessoas que estão mais preparadas e fazem com que, na nossa agropecuária, a eficiência do trabalhador fique bem mais próxima do que observamos nos Estados Unidos”, observou Gedeão.
Governo Federal
Em relação ao governo federal, Gedeão revelou otimismo: “Temos que promover a abertura econômica, porque assim novos negócios surgirão. E temos que caminhar fortemente para as privatizações. Isto é algo que o novo governo já está sinalizando e que traz muita esperança ao povo brasileiro de que as coisas irão mudar”.
Governo Estadual
Sobre o governo estadual, o presidente do Sistema Farsul reiterou a importância do nome que será escolhido para a pasta do meio ambiente para viabilizar a produção agropecuária gaúcha: “Temos confiança que o nome que for apontado para a Agricultura terá sintonia com o setor. Mas é importante que o escolhido para o Meio Ambiente dê continuidade ao trabalho que está sendo realizado atualmente, com base em critérios técnicos”.
1 Comentário
É muito interessante a posição do pessoal da Farsul (sempre ao lado do produtor), (?) …..No que se refere a postura que o nome escolhido para a pasta do Meio Ambiente terá reflexos positivos aos produtores e empreendedores gaúchos, com a continuidade do trabalho com critérios técnicos. Somos levados a crer que esta entidade representativa está alinhada com a forma que a Fepam trata os projetos de licenciamento ambiental, principalmente na morosidade, crítérios muitas vezes subjetivos de análise e excesso de trâmites internos na própria Fundação. Espera-se que este novo governo que se instala no próximo ano de uma atenção mais acurada a esta Fundação que em muitas situações complica e atrasa a vida de quem produz e empreende neste estado do RGS!!