Estoques de passagem serão os menores em 10 anos
Autoria: Marco Aurélio Marques Tavares – Administrador de empresas e produtor.
Os estoques finais de arroz deverão continuar muito ajustados e são os menores dos últimos dez anos. A mudança da metodologia realizada pela Conab que alterou a periodicidade do quadro de suprimentos, passando para ciclo para o ano comercial (janeiro a dezembro) e não mais o ano agrícola (março a fevereiro), comprova essa realidade.
O último levantamento (em anexo), mostra que os estoques do atual ano safra, base 30/12/2020, apresentaram redução de 350 mil toneladas, em relação a safra passada quando a escassez do cereal já tinha sido significativa, pois totaliza 1,595 milhão de toneladas, enquanto, no ano anterior era de 1,945 milhão de toneladas.
Com a metodologia anterior, o estoque de passagem, em final de Fevereiro (2021) estaria entre 400 a 500 mil toneladas, um dos menores em níveis históricos.
Com a nova metodologia (final de dezembro), o estoque de passagem será de 1,6 milhão de toneladas. Sendo assim, se considerarmos os meses de janeiro e fevereiro (consumo, em torno, de 1,8 milhão de toneladas, considerando a média mensal brasileira), e com neutralidade na balança comercial, os estoques estariam zerados. Portanto, será indispensável o ingresso, de pelo menos, 600 a 700 mil toneladas da safra nova( em torno de 80 mil hectares) para atender a demanda interna no período, e ter o estoque final previsto para final de fevereiro).
Ou seja, todo o atraso de safra pode , realmente impactar a oferta no mercado interno.
Considerando os último levantamento do Irga, divulgados nessa semana, sobre as fases fenológicas da safra no RS, apenas 15.180 hectares, estão em fase de maturação, para serem colhidos entre 30 ou 40 dias, do total da área plantada de 936.317 e não os 969 mil da intenção inicial de plantio.
A luz desses números, se projeta uma recuperação ou, pelo menos, estabilização dos preços de mercado, com atual momento, mostrando um quadro de baixa liquidez, com a indústria comprada, mas com pouco produto nas mãos do produtor. A volatilidade do dólar, preços internacionais mais firmes, consumo aquecido (pandemia), menor área plantada e produção e, naturalmente, os estoques muito ajustados são fundamentos favoráveis para preços firmes.