Arroz e feijão sobem mais de 60% no último ano e se tornam os vilões do prato feito
(O Dia) O arroz com feijão, a base do prato feito do brasileiro, aumentou mais de 60% nos últimos 12 meses, de acordo com levantamento do FGV IBRE. O reajuste ficou 10 vezes acima da inflação média apurada pelo IPC/FGV (6,1%). O arroz subiu 60,8%, no período pesquisado, e o feijão quase nove pontos percentuais a mais 69,1%.
Quando outros alimentos são incluídos, a cesta do prato feito (composta por 10 itens) apresenta variação média de 23,2%. É quase o dobro de todo o grupo Alimentação do IPC/FGV (11,8%), que engloba os gêneros alimentícios (alimentos comprados no mercado) e a alimentação fora de casa (em bares e restaurantes).
Dentro da cesta do prato feito, vale destacar o aumento para as proteínas: carnes bovinas (27,2%), frango (13,9%) e ovos (10%). Entre os alimentos in natura, as maiores altas foram da cebola (41,1%) e da batata (19,4%). O único produto que baixou de preço foi o tomate, com queda de 24,6%.
O pesquisador do FGV IBRE Matheus Peçanha avalia que a escalada de preços foi acentuada nos últimos anos com a desvalorização do real frente ao dólar. “Esse movimento do câmbio induz um aumento nas exportações, sobretudo dos cereais e das carnes, favorecendo a redução da oferta interna e pressionando os preços”. Esse cenário tornou-se mais crítico, segundo o pesquisador, com a pandemia, que fortaleceu a demanda por gêneros alimentícios, contribuindo para o aumento de preços também pelo lado da demanda.