A crise no prato

Iris de Araújo é deputada federal, integra as comissões de Relações Exteriores e Seguridade Social da Câmara.

É desolador saber que a crise global vai castigar justamente a base da alimentação dos mais de 183 milhões de brasileiros!

Reportagem do Diário da Manhã publicada na quinta-feira (16) revela que o quilo da carne é o item que mais subiu nos últimos dois meses – alta de quase 30%.

A gangorra do dólar provoca reajustes de preços nos produtos típicos da mesa do brasileiro, e supermercados preparam novas tabelas.

A instabilidade e as incertezas do cenário internacional farão com que, além da carne, arroz, feijão e macarrão sofram aumentos e fiquem literalmente salgados.

Por conta do câmbio, o feijão preto seria a primeira vítima com repasse da ordem de 10% na venda aos atacadistas.

O arroz vive o dilema da entressafra, e os armazéns estão vazios, e também pode vir a ser a bola da vez.

Como se não bastasse, a farinha de trigo chega às indústrias de massas alimentícias 20% mais cara. 15% serão repassados aos atacadistas com reflexos diretos no custo da macarronada.

Além disso, alguns cortes de carne a que a população de baixa renda tem acesso foram reajustados em até 11,23% nos 12 primeiros dias deste mês de outubro.
Mais uma vez, estamos diante da máxima segundo a qual os ricos fabricam a crise para que os pobres paguem.
É inaceitável que a farra financeira global, este verdadeiro cassino que consome bilhões do dinheiro público pelo mundo afora, venha agora apresentar a conta para o povo quitar.
O Brasil jamais pode aceitar que sejam penalizados logo os segmentos com menor poder aquisitivo da sociedade, a quem agora oferecem um prato indigesto.
Seria um absurdo que reajustes de preços provocados pela crise global comprometam a alimentação de milhares de famílias que não têm de onde tirar para cobrir um rombo inesperado no orçamento doméstico.
É preciso que as autoridades da área econômica imediatamente intervenham para que os brasileiros sejam protegidos no direito fundamental de se alimentar sem cortes nos produtos básicos.
Os reajustes que estão sendo processados são uma grave e amarga herança de uma crise que traz a marca da irresponsabilidade das grandes potências que não souberam conter a sangria desatada do crédito sem limites.
O arroz, o feijão, a carne, o macarrão e o pãozinho são alimentos sagrados para o nosso povo.
É inaceitável castigar a mesa da família brasileira, que trabalha de sol a sol para sobreviver.
Que os gestores da crise, eles próprios, paguem pela ganância que cometeram. Por tudo isso, a sociedade brasileira não pode aceitar o aumento nos preços dos alimentos.

Iris de Araújo é deputada federal, integra as comissões de Relações Exteriores e Seguridade Social da Câmara, compõe o Parlamento do Mercosul e a Subcomissão Especial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

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