Arroz e feijão, por favor

A diminuição da área plantada de arroz fez com que a produção que foi de 2,5 milhões de toneladas na safra 2003/04, despencasse para 1,1 milhões na safra 2005/06 e se manteve na última safra nos mesmos patamares.

Alguns anos atrás, seria inimaginável avaliar que poderiam faltar arroz e feijão no Centro-Oeste. Isto porque, sempre tivemos oferta maior que a demanda dos produtos que compõe o prato também chamado baião de dois. Ocorre que na safra 98/99 esta grande região plantou um pouco mais de 1 milhão de hectares de arroz, caiu para 600 mil hectares em 2002/03 e para 375 mil hectares em 2007/08. Quem manda no Brasil, hoje, não pode dizer que não sabia, afinal, os números são da CONAB, empresa vinculada ao Ministério da Agricultura.

A diminuição da área plantada de arroz fez com que a produção que foi de 2,5 milhões de toneladas na safra 2003/04, despencasse para 1,1 milhões na safra 2005/06 e se manteve na última safra nos mesmos patamares. A manutenção desta produção só foi possível em função do aumento da produtividade, unicamente por dedicação e investimentos dos produtores rurais.

Já a produção de feijão na região Centro-Oeste, ultrapassou as 200 mil toneladas na safra 2002/03, se manteve acima das 200 mil toneladas nas safras 2005/06 e 2006/07 e despencou para 178 mil toneladas na safra 2007/08. Unicamente por redução de área plantada, já que os produtores que ainda se mantêm na atividade, conseguem ganhos de produtividade a cada safra.

No caso do arroz, o Estado de Mato Grosso foi o grande responsável pela derrubada da produção na Região Centro-Oeste, já que sua produção de mais de 2 milhões e 40 mil toneladas na safra 2004/05 caiu para menos de 700 mil toneladas na safra 2007/08. Um absurdo! Pura falta de política pública para a cadeia produtiva do Arroz. Como alcançar fome zero se não temos as mínimas possibilidades de equilibrarmos a oferta com a demanda de arroz?

Por outro lado, no caso do feijão o Estado de Mato Grosso vêm oferecendo uma produção com crescimento constante, sai de uma produção de pouco mais de 30 mil toneladas na safra 2005/06, ultrapassa as 40 mil toneladas na safra seguinte e ultrapassa as 55 mil toneladas na safra 2007/08. Números que coloca Mato Grosso como o 2º maior Estado produtor de Feijão no Centro-Oeste, abaixo apenas de Goiás que ultrapassará a casa das 80 mil toneladas.

Na última semana a Empresa Mato-grossense de Pesquisa e Extensão Rural (EMPAER), atualmente com grandes dificuldades financeiras em função de um verdadeiro sucateamento a ela imposto por vários Governos seguidos, promoveu no Município de SINOP um Grande Seminário Técnico para discutir em toda a cadeia produtiva a situação do arroz nos Estados de Mato Grosso e Rondônia.

Nada contra o Estado de Rondônia, porém, seria mais interessante discutir a produção de Arroz no Centro Oeste, até porque, para resolvermos a questão da baixa produção de arroz e feijão nesta região, haveremos de formular um programa regional de recuperação da produção de arroz e feijão. Não sei do final do seminário, fiquei na torcida para que as propostas convergissem para isto. Posso antecipar que não precisaríamos de financiamento de mais que 1,5 bilhões de reais para tornar isto realidade. Uma bagatela se olharmos, mesmo que rapidamente como são gastos os recursos da República do Brasil.

O assunto é muito sério, está em jogo muito mais que uma questão do agronegócio, afinal, o que está em jogo é nossa segurança alimentar. Não podemos perder de vistas que o prato mais vendido no Brasil é uma porção de arroz, feijão, bife e uma salada de alface e tomate. Sendo assim, num cenário de escassez de proteína animal, não podemos permitir que se reduza ainda mais a produção de arroz e feijão, por favor!

Amado de Oliveira Filho é economista, especialista em mercados de commodities agropecuárias e Direito Ambiental.

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