É hora de vender
Melhores perspectivas são para o segundo semestre.
São boas as perspectivas de preços a serem praticados no mercado nacional do arroz para o segundo semestre deste ano. No primeiro semestre, graças a produção menor do que o esperado e mecanismos de comercialização negociados entre o Governo Federal e a cadeia produtiva do arroz, a situação não será tão negativa como era sinalizado até os primeiros meses desta safra. A opinião é do analista de mercado e diretor da Federarroz, Marco Aurélio Tavares, com base nas informações colhidas até agora sobre a comercialização.
Um dos indicadores positivos para o mercado, analisando apenas o fator preço, é que a produção inicialmente prevista para a safra, pela Conab, não se confirmou. Analistas garantem que a produção nacional não passa de 10,5 milhões de toneladas de arroz para uma necessidade de 11,7 milhões que atendem a demanda de consumo. Cerca de 700 mil toneladas vêm do Mercosul. Outras 500 mil toneladas – todo o volume disponível de agulhinha – saem dos estoques públicos. Isso faz prever que haverá falta de produto, ao menos para repor estoques. Assim, os preços praticados terão de ter níveis internacionais, o que projeta um teto aproximado de R$ 20,00.
Outro fator fundamental de sustentação de preços é o Programa de Comercialização da Safra 2001/2002, criado pelo Governo Federal com a participação da cadeia produtiva do arroz. O sistema de contratos de opção com recompra assegura que o arroz, nos primeiros meses subseqüentes à safra, será comercializado por um preço superior ao custo. "Essa é uma garantia mínima e o ideal é até que seja pouco usada e que o mercado reaja assegurando valorização superior ao produto", acrescenta Tavares.
Segundo ele, estes recursos possibilitam um alongamento do período de oferta, redução dos volumes ofertados, um piso de preço e uma maior tranqüilidade ao mercado. "A idéia é evitar a tradicional queda dos preços do produto que ocorre na safra", destacou. A curva descendente nesses meses é provocada justamente pela pressão de oferta excessiva no mercado. Um leque de outras opções foi disponibilizado.
REAÇÃO – O terceiro fator é a expectativa de reação dos preços no mercado, o que incentiva os produtores a segurarem a produção para comercializar no segundo semestre. Esse foi um dos motivos que ajudou a elevar o preço do arroz na safra passada. O problema é que muitos orizicultores precisam negociar a produção para honrar compromissos assumidos com fornecedores e instituições de crédito, devido ao alto grau de endividamento do setor. "O produtor é fundamental neste processo, pois há mecanismos para assegurar preços mais compatíveis com seus custos e que possibilitam reduzir a oferta e adequar os preços", acrescenta.
Opinião
Segundo Marco Aurélio Tavares, o produtor gaúcho de arroz aprendeu a valorizar seu produto e seu trabalho na safra passada, quando represou a oferta pela expectativa favorável pela comercialização. Foi uma situação histórica. E que pode ser repetida. Para comercializar o produto no segundo semestre, em melhores condições de preços, o produtor deve seguir algumas regras básicas. Entre elas está negociar com fornecedores e alongar prazos de pagamentos para, depois dos meses imediatamente subseqüentes à safra, evitar investimentos nesse período e adotar a estratégia de guerra para segurar preço.