É obrigatória a equalização na oferta de arroz em casca do RS

Vivenciamos uma nova crise na orizicultura gaúcha causada, em primeiro lugar, pela avassaladora desvalorização do arroz em casca em 2021, aniquilando o primeiro elo da cadeia produtiva.

Enquanto mercado externo balizava o saco de 50kg entre R$ 87,00 e R$ 93,00, o interno operava valores entre R$ 60,00 e R$ 63,00. Em segundo lugar, o estado enfrenta seca catastrófica na fronteira oeste e região central, responsáveis por grande parte da produção orizícola, que registram perdas entre 25 e 30%. As regiões da campanha, sul e planície costeira interna também foram prejudicadas.

Entre janeiro e fevereiro houve ligeira recuperação que não mudou tanto o cenário, pois havia pouca disponibilidade de grãos. Todos contavam com uma farta safra e arroz na mão de alguns produtores, porém, o cenário mudou. Hoje pode se dizer que a produção mais o estoque de passagem devem ficar aquém do estimado.

Se as exportadoras não entrarem comprando a preços mais remuneratórios, aproveitando a valorização no mercado internacional, não surfarão mais nessa onda.

Atualmente, os produtores gaúchos projetam seus custos de produção e deparam-se com a realidade de que o arroz abaixo de R$ 81,00 é prejuízo certo. Aprenderam que “a única ferramenta para rentabilizar o arroz em casca é reduzir a oferta”.

Está consolidado que o Rio Grande do Sul não pode cultivar mais de 800.000 hectares, sob pena de comercializar o grão bem abaixo do custo de produção. Infelizmente, hoje, essa é a única ação capaz de salvar a lavoura arrozeira da extinção.

O Rio Grande do Sul, atualmente, cultiva em torno de 950.000 hectares. Se, hipoteticamente, a área fosse reduzida até 700.000 hectares, teríamos uma readequação de -26,31%.

Exemplo:

Área X Prod/Media/RS X Valor/Saco = Faturamento
300 ha x 170 sc/ha x R$ 60,00 = R$ 3.060.000,00 (-26,31%)
221 ha x 170 sc/ha x R$ 90,00 = R$ 3.381.300,00

Portanto, teríamos desembolso menor e um faturamento maior, não resta dúvida alguma. Mesmo com arroz em casca vendido a R$ 81,44, plantando 221 hectares, do exemplo, tem-se o mesmo faturamento da lavoura de 300 hectares, com um desembolso 26,31% menor.

Se a área não for redimensionada e não acontecer nenhuma tragédia, como a seca desse ano e a pandemia de 2020, o arroz em casca em 2023 será vendido na casa dos R$ 60,00, e isso deve estar muito claro a todos.
Por fim, os orizicultores devem investir em um departamento que ajude a tratar as exportações com foco na valorização do arroz, afinal, produzem um dos melhores produtos do mundo, não podem ficar reféns do mercado interno sabendo que o externo chegou a operar 50% acima do mesmo.

“A boa informação valoriza o produto”!

 

Elton de Quadro Machado
Agricultor e dirigente setorial em Arroio Grande (RS)

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