Evolução da rentabilidade do setor orizícola

Sérgio Roberto Gomes dos Santos Júnior

Após um extenso período de rentabilidades baixas, o setor orizícola passou a contabilizar melhores margens de lucro devido ao forte aumento de preços apresentado a partir da intensificação da pandemia em 2020. Entre as safras 2016/17 e 2018/19, a margem líquida do setor no Rio Grande do Sul (RS) ficou próxima de zero, sendo até contado valores negativos, como foi o caso da safra 2017/18, a qual a margem líquida calculada para o município de Cachoeira do Sul ficou em -7,06%. Esse cenário desestimulou o cultivo, o que gerou retrações de área plantada, com destaque para a reversão no estado do RS, que apresentou queda de 12,2% entre as safras 2017/19 e 2019/20. Além da redução da área plantada, houve uma quebra da produção na safra 2018/2019, o que corroborou a queda no estoque de passagem de 34,12% no mesmo período.

Em meio a essa conjuntura, com o início da pandemia e o aquecimento das demandas internas e externas por arroz brasileiro, o valor comercializado do grão internamente foi reajustado. Essa valorização resultou em uma forte recuperação da rentabilidade do setor orizícola, sendo estimado um margem líquida na safra 2019/20 de 45,59% no município de Pelotas (RS), com um preço médio de comercialização de R$ 80,69/sc ao longo do período comercial da safra.

Para a atual safra, com base nos valores já negociados nos primeiros meses de 2021 e em projeções econométricas de séries temporais para os meses restantes de comercialização da safra 2020/21, estima-se que o preço médio da safra em questão fique entre R$ 71,23/sc e R$85,46/sc. No cenário neutro, a expectativa é de preço médio de R$ 78,16/sc. Com isso, a projeção de rentabilidade do setor é de margem líquida entre 33,84% e 44,85%, sendo, mesmo no cenário otimista, abaixo do identificado na safra anterior.

Para a próxima safra 2021/22, a expectativa é que possa haver uma nova queda na rentabilidade, pois observa-se elevação nos custos de produção e os principais fundamentos de mercado não apontam para uma nova intensa valorização das cotações do grão, com a recomposição da oferta brasileira na safra 2020/21 em virtude da excelente produtividade identificada em campo e do atual viés de queda dos preços internacionais.

Economista e gerente de Inteligência, Análise Econômica e Projetos Especiais da Conab

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