Firmeza na safra, preocupação no futuro

 Firmeza na safra, preocupação no futuro

A semana encerrou com notícias avessas ao comportamento do mercado, mas os preços têm suporte no desinteresse de oferta por parte dos produtores .

O mercado do arroz no Sul do Brasil manteve sua firmeza, mesmo com quase três quartos da colheita já concluída e um avanço significativo nos últimos dias. Os preços médios se mantêm entre R$ 86,00 e R$ 88,00 na maioria das regiões, com cotações que chegam aos R$ 90,00 para grãos de variedades nobres em algumas zonas industriais.

A semana encerrou com notícias avessas ao comportamento do mercado. Mesmo com alta na sexta-feira, o dólar foi cotado a R$ 5,67 valor que exige menores cotações internas para a exportação. Mas, no mercado doméstico, os preços do arroz avançaram de R$ 1,00 a R$ 2,00 na maioria das praças, mesmo com o avanço da colheita.

O saldo da balança comercial em março, primeiro mês do ano safra, foi positivo. O Brasil exportou 104,4 mil toneladas de arroz (base casca) e importou 73,5 mil toneladas. No entanto, quase 75% das vendas foram de quebrados de arroz e animal food, de baixo valor agregado. O Brasil não consegue concorrer com o mercado internacional com preços acima de R$ 85,00 a R$ 87 no porto.

O atraso de uma semana na saída de um navio de arroz em casca para a América Central, também jogou um balde de água fria num dos maiores projetos de logística da orizicultura gaúcha dos últimos tempos, e vai exigir mais investimentos em busca de qualidade dos serviços, já que qualidade de grão sobra ao Rio Grande do Sul. A tendência é de que as duas próximas cargas de 24,5 mil toneladas saiam dos Estados Unidos.

Para confirmar um próximo embarque de arroz em casca do Brasil para a Costa Rica, em junho, os preços precisariam cair pelo menos R$ 5,00 por saca e ser carregados em terminal privado, o eu não é fácil pela disputa de espaço com a super safra de soja e a forte demanda internacional da oleaginosa.

Para completar, o mercado norte-americano parou, completamente. Mesmo para negócios internacionais o momento é ruim. No Mercosul também as notícias não são tão positivas, apesar da ótima safra e da expectativa muito favorável por parte dos agentes de negócios. O temor é de que a falta de fluxo no primeiro quadrimestre implique em concentração de oferta nos oito meses restantes do ano, o eu forçaria uma baixa artificial aos preços. Como sabemos, descer preços é fácil, difícil é subir e manter.

Além disso, o Mercosul perdeu a disputa na concorrência pública realizada pelo Iraque. O Paquistão será a origem de 60 mil toneladas de arroz branco, longo fino. Nas Américas, o Brasil apresentou a melhor proposta. Pela primeira vez o Paquistão vai ser o fornecedor dos iraquianos, mesmo com preços superiores aos tailandeses e qualidade muito inferior aos arrozes americanos (do norte e do sul).

Mesmo com todo esse cenário, os preços domésticos terminaram a semana que passou mais fortalecidos, contrariando a expectativa geral (e o rumo das notícias setoriais). A falta de oferta é o grande fator determinante deste destino das cotações.

Segundo o Cepea, da USP, o Indicador ESALQ/SENAR-RS (58% grãos inteiros, com pagamento à vista) encerrou a R$ 87,54/sc na sexta-feira, 9, aumento de 0,27% em relação ao anterior. Agentes de mercado apresentaram comportamento distinto, especialmente compradores. Enquanto alguns demandantes seguiram ativos em novas aquisições, outros reduziram os preços, alegando dificuldades no repasse dos custos. Vendedores, por sua vez, se mantiveram firmes nos preços pedidos por novos lotes.

Com uma safra de soja recorde nas terras baixas – e também nas coxilhas – a tendência é de que o arrozeiro evite vender arroz no pico de safra, optando pela comercialização da oleaginosa, com alta liquidez, e segurando o cereal para vender mais a frente. Uma estratégia que pode ser ótima para alguns, mas provavelmente cobrará o preço de outros. Ao menos é o que a história diz. A gestão da oferta será um dos pontos nevrálgicos da comercialização na atual temporada, em busca que um equilíbrio entre o fluxo de negócios e de preços.

A expectativa agora é para os números da CDO, que poderão mostrar um cenário mais claro sobre o consumo e o comportamento das relações entre varejo e indústria.

PREÇOS

De maneira geral, as cotações do arroz beneficiado subiram esta semana. Isso refletiu no preço ao consumidor, que apresentou pequena elevação nas médias e nas mínimas, superando em algumas capitais pesquisadas por Planeta Arroz, os R$ 26,78 de média e os R$ 18,00 de mínima no caso do pacote de cinco quilos de arroz branco, Tipo 1.

Nota-se, ainda, apesar de algumas indústrias ampliando a capacidade de beneficiamento, um varejo bastante contido nas compras – o que nem se compara ao ano passado. A liberação dos recursos do auxílio emergencial poderá ser fator que colabore com a elevação da demanda.

7 Comentários

  • Com certeza a soja avançou muito na várzea e o produtor se capitalizou, evitando vender arroz abaixo dos custos de produção. sds.

  • Todos sabemos que o arroz ainda está 82/87 em função do arroz dos CPRs e do baixo rendimento do grão no final da safra! Eu gostaria de ver os numeros da exportação de março Siscomex !!! Pq a demora em divulgar???

  • Mercado de arroz tem suas limitações, se o ponto de equilíbrio é a exportação de pelo menos 1.2 milhão de toneladas/ano, penso que os órgãos envolvidos deveriam estabelecer um acordo com as trades de cotas mensais já a partir deste mês de três ou quatro lotes de 30 mil toneladas, no sentido de viabilizar negociações que fossem regulando os estoques para que os preços de R$5,00/saca de sacrifício de hoje não passe para uma correria desenfreada no último semestre e consequente desmonte de uma formação de preços já nesta altura palatável para o consumidor.

  • Sr. Fernando. Com todo o respeito e cordialidade, mas porque é só no nosso (do produtor)??? Quando o saco do casca valia 35 pilas há menos de dois atrás eu não vi proposta da indústria, atacado e varejo para limitar um minimo de 5 pilas o kg! Bem pelo contrário durante 8 anos foi uma farra. Chegaram a vender a R$ 5,50 o pacote do 5 kgs. Arrozeiro migrou em grande parte para a soja! A industria daqui tão comprando a 82 pilas e vendendo ai a 174… Tão exportando a u$ 18 aos montes! Pq entre vcs e a industria não há uma limitação? Eu sei. Querem passar a perna no miseravel do produtor que recem estamos saindo de 8 anos de prejuizo! Quem cansou foram os produtores! Se acertem com a industria. E se o povão achar caro. Com certeza as exportacoes vão bombar! Mas chega de exploração! Aprendam a dividir os lucros! Segurem a ganância! Busquem a equalidade! E todos lucraremos. Tenho certeza disso…

  • SR. FERNANDO JOSÉ RIOS DE MELLO, CERTISSIMO SEU RACIOCINIO, SE O PRODUTOR FIZER ESSE ACERTO COM AS TREIDERS, VAI DEIXAR DE GANHAR 5,00 HOJE E NÃO VAI PERDER 10,00 OU 15,00 NO SEGUNDO SEMESTRE, AS OFERTAS VAO SE CONCENTAR NO 2º SEMESTRE, ONDE VANOS COLOCAR TODO ESSE PRUDUTO QUE ESTA SENDO COLHIDO MAIS AS OFERTAS DO MERCOSUL?

  • Seu Edenir me desculpe discordar com o seu raciocinio. De todo esse arroz q o Sr. fala que foi colhido, 5 milhoes de toneladas mais ou menos ja foram descascados ou mandados embora mundo a fora! Chegamos na colheita sem arroz do ano passado! Muitos colheram bem, mas tem gente que colheu bem menos em função da seca! CPRs já entregaram seu arroz. Nenhum órgão disponibiliza informações exatas do que realmente se produz! O que ouço na fronteira-oeste é que faltará arroz no segundo semestre! Paraguai teve quebra de 30% e ja exportou muito arroz safra nova pro Perú, Venezuela e América Central… Uruguay mandando muito arroz para arabes e americanos! Tem muita especulação e picaretagem! O produtor não é mais bobo.

  • Os urubus estão começando a ce aproximar da carniça sds.

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