Frio deve aumentar o ciclo do arroz e os custos de produção na safra gaúcha

 Frio deve aumentar o ciclo do arroz e os custos de produção na safra gaúcha

Lavoura uruguaia superando os problemas com o frio e a seca

(Por Planeta Arroz) O frio vem atingindo a lavoura de arroz do Rio Grande do Sul. Em primeiro lugar porque estamos vivendo a primavera mais fria dos últimos anos e isso está afetando a emergência e o estabelecimento inicial das plantas. Em segundo lugar, porque os meteorologistas estão prevendo uma frente fria, com temperaturas mínimas perto de zero em algumas regiões arrozeiras e risco de ocorrendo de geadas, para a próxima semana.

O engenheiro agrônomo do Irga, Rodrigo Schoenfeld, reconhece que o desenvolvimento das lavouras gaúchas está mais lento em função da primavera, e principalmente o mês de outubro, estarem entre os mais frios dos últimos tempos. Segundo ele, a recomendação ao produtor é ajudar a planta, o que se faz com uso de produtos hormonais, aminoácidos, precursor de proteínas. “Deixa ela gastar a energia para focar em botar raízes e folhas já que está estressada e com pouco desenvolvimento”. O zinco participa da divisão celular, é muito importante no desenvolvimento inicial da planta de arroz, então o produtor pode ficar atento a isso.

“Essa condição indica que a planta está consumindo nitrogênio para manter-se viva, quando a preocupação do produtor é que ela amplie a sua área radicular e foliar. Num ano como esse, com esses estresses todos que estão ocorrendo, é inevitável que o rizicultor tenha que investir um pouco mais de ureia para atingir o resultado que esperava inicialmente. Se iria aplicar 270 a 280 quilos de N por hectare, vai ter que elevar a dosagem, talvez chegar até 370 em casos específicos, mas isso vai depender da orientação do agrônomo. De qualquer maneira, é desembolso. É um custo adicional”, observa.

Schoenfeld é um pouco reticente quanto à previsão de geadas muito fortes a ponto de trazerem estragos mais importantes ao arroz. “O frio tardio, em locais muito específicos e sob condições mais drásticas, poderá trazer algum problema, mas o arroz é uma planta muito resiliente e versátil. Já vi situações em que a geada pegou a lavoura, as plantas pretearam, mas rebrotaram e se recuperaram, o maior problema foi que alongaram o ciclo. Em geral, os problemas nestes casos do desenvolvimento inicial, estão mais associados à perda da área foliar, pois vento, chuva, granizo rasgam as folhas, amarelam as plantas e isso ainda pode ser uma porta de entrada de alguns fungos. Mas, em geral, a planta compensa os danos aumentando o período vegetativo”, diz Rodrigo Schoenfeld.

Para ele, o que interessa na lavoura plantada mais cedo é chegar os dias mais longos, de 15 de dezembro a 15 de janeiro no período reprodutivo. “O frio não vai atrapalhar tanto, o potencial de recuperação é grande, mas exigirá mais investimentos e cuidados com as plantas”, observou.

ATRASO

O consultor agrícola Eduardo Muhoz, da Porteira Adentro, também reconhece que o nascimento e o estabelecimento dos estandes são mais lentos e indica um atraso de cinco a 10 dias. “Mesmo onde choveu, o nascimento foi menor por falta da temperatura ideal do solo, que deveria chegar entre 18 e 20 graus e raras vezes isso aconteceu”, explicou. Ele acredita que dias mais quentes, antes da projeção de frio da próxima semana, podem ajudar a uma melhor formação dos estandes. “Vai importar muito o vigor da semente para o nascimento e a formação dos estandes. As lavouras estão mais ralas”, destacou.

Munhoz, não crê em redução da produtividade inicialmente projetada para as lavouras em função dos atuais problemas, mas reconhece que todos estão ansiosos para verem “linhas mais gordas do arroz”.

“Como a maior parte das variedades são o Irga 424 e a BRS Pampeira, que perfilham bem e são de ciclo mais longo, a tendência é de que recuperem as condições produtivas, embora a colheita deva atrasar de uma semana ou um pouco mais e a entressafra será maior. Em termos de produtividade, não joguei a toalha”, indicou.

Ainda segundo ele, uma das recomendações para lavouras mais afetadas é aumentar em torno de 10% a primeira ureia. “A lavoura não é furada, falhada, é mais rala. Agora a ureia é estratégica para fazer perfilhar”, acrescenta. Alguns produtores também estão segurando um pouco a entrada de água.

ESTRATÉGIA

No caso da Porteira Adentro, uma estratégia já foi definida. “Com a previsão de frio intenso pela frente, vamos adotar a estratégia de atrasar uns dias a aplicação do herbicida e da água. Com a baixa temperatura o risco de fito é potencializado. Com o herbicida já ocorre, a planta fica mais sensível, e a sinergia com o frio pode matar uma planta ou deixá-la com uma capacidade de recuperação muito baixa. Vamos analisar, esperar esse risco de frio intenso passar, e então entrar com herbicida, água e ureia”, enfatiza.

A Fronteira Oeste voltou a apresentar problemas com a falta de umidade no solo, e algumas áreas passaram a ser banhadas para a germinação. Cenário que começa a preocupar.

1 Comentário

  • Imagina ter aplicar mais 100kg de nitrogênio, acho q até replantar seria mais barato, uma coisa é certa, com esse frio já detonou o potencial genético produtivo da planta, mesmo recuperando, não é a mesma coisa.

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