Tipos de arroz mais consumidos no Brasil

 Tipos de arroz mais consumidos no Brasil

O mundo é rico em variedades e tipos de arroz  – Foto: USP

Estima-se que existam no mundo mais de 2.000 variedades de arroz, embora as cultivadas alcancem um número muito menor. Os tipos de arroz foram desenvolvidos ao redor do mundo de acordo com a adaptação ao ambiente, evolução e seleção genética e conduzida pelos produtores, consumidores e cientistas, e cada um tem a preferência de determinados grupos de consumidores, ou pela culinária regional, étnica, religiosa ou massiva, como acontece no Brasil, onde o arroz é um dos pilares alimentares.

Das 20 espécies do gênero Oryza, ao qual pertence o arroz, só duas são cultivadas: a Oryza sativa, da Ásia; e a Oryza glaberrima, da África Ocidental.

O asiático é subdivido em três raças: índica, japônica e javânica.

Cerca de 80% de todo o arroz cultivado no mundo é índica – que predomina no Brasil. A ela pertencem os tipos longos e finos, como o arroz-agulhinha, o jasmim, o longo, o agulhão, entre outros.

Os dois tipos mais difundidos pelo mundo são o Índica e o Japônica, de origem comum, mas adaptados aos seus ambientes e à seleção natural. O javânica é relevante apenas em algumas regiões da Ásia.

Foto: Irri

Embora o tipo mais consumido seja o arroz branco, há uma grande variedade de tipos que podem ser aproveitados em receitas para lá de saborosas.

Coleção nuclear de arroz da Embrapa Arroz e Feijão. Foto: Sebastião Araújo

O arroz pode ser encontrado em grão longo (geralmente índica) como o nosso padrão “agulhinha” e o basmati; médio (derivado do japônica) como o bomba e o arbório, ou curto (geralmente, japônica) como o aqueles utilizados para sushi e assemelhados.

CARACTERÍSTICAS INDUSTRIAIS

ARROZ BRANCO

Foto: Robispierre Giuliani

O mais comum de todos, está disponível nos tamanhos curto, médio e longo. É o grão comercial que se encontra em qualquer rincão do país, que fica branco por causa do processo industrial de descascamento e polimento. Predomina no Brasil o padrão agulhinha, derivado das variedades anãs e tipos americanos, mas há também grãos longos ou oblongos, nem tão finos assim, e curtos – de variedades japônicas cultivadas essencialmente em produção familiar ou especializada em nichos de mercado. O longo e o oblongo em geral são originários de cultivos de sequeiro e subsistência nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.

ARROZ PARBOILIZADO

Foto: Divulgação

A parboilização é um processo de beneficiamento que acontece pelo encharcamento, aquecimento por vapor e pré-gelatinização dos grãos, ainda dentro da casca. Como o grão passa por menos processos de refinamento, ele absorve melhor os nutrientes e é considerado mais saudável e mais rico em fibras. Como absorve menos água na cocção, costuma ficar soltinho e ser preferido para alguns tipos de pratos, em especial na cozinha industrial. Suas maiores regiões de consumo no Brasil são o Rio de Janeiro, o Espírito Santo e o Litoral do Nordeste. Para enquadrar-se não basta adotar apenas o processo. A marca precisa do Selo ABIAP de Qualidade, que confere legitimidade mediante auditorias periódicas às empresas.

MALEKIZADO

Foto: Reuters

Também considerado como arroz semi-integral, onde o grão com casca passa por um processo de maceração com água fria por três dias e é submetido a altas temperaturas (600°C a 700°C), em seguida é desidratado e descascado, onde é retirada a cutícula e o gérmen. É o antecessor do parboilizado, que foi adotado pelas indústrias do Brasil com processos modernos de parboilização importados da Europa. Não tinham propaganda muito favorável pela cor, que lhes deu o apelido de “amarelão” e o cheiro mais forte e aparência mais rústica. Ainda predomina no sistema de parboilização arcaico na Ásia, em especial na Índia.

ARROZ INTEGRAL (Cargo ou Brown):

Foto: Divulgação

O arroz integral – também conhecido como esbramado (esbramato), marrom (brown), cargo ou castanho – é o mesmo grão utilizado para produção de branco ou parboilizado – e pode ser japônica, Índica ou javânica – mas a diferença é que no processamento o grão teve apenas a parte externa da casca – não comestível – retirada, mantendo sua película com todo o gérmen e a camada de farelo que o envolve. Sendo assim, tem mais fibras e nutrientes que o branco e que o parboilizado. Seu alto valor nutricional aparece em vários tipos, pois todos os grãos foram integrais em algum momento. Pode ser usado nas mesmas receitas do arroz branco e cai cada vez mais no gosto das pessoas que estão procurando hábitos alimentares mais saudáveis.

ARROZES ESPECIAIS

(Étnicos)

Arroz basmati branco. Foto: Decclan Chronicle

 

ARROZ BASMATI (Aromático)

Arroz Basmati – Foto: Divulgação

Cultivado exclusivamente na Índia e no Paquistão, com indicação de origem, é um grão longo e aromático (seu nome significa “perfumado” em sânscrito). É derivado do Índica. Pode ser encontrado nas formas integral ou branco. Vai bem com pratos indianos, curry e frituras. Índia e Paquistão disputam o direito de usar esta denominação em cortes internacionais. É um dos produtos mais valorizados de exportação destes países e em todo o mundo do arroz. Os principais importadores mundiais são o Oriente Médio, em especial o Irã, e na Europa o Reino Unido. Entra no rol de alimentos étnicos ou ritualístico, uma vez que é muito consumido em datas religiosas de diversas religiões orientais.

ARROZ AROMÁTICO TAILANDÊS JASMIM (ou JASMINE)

Foto: Divulgação

Originário da Tailândia, é conhecido também como Hom Mali, e já foi escolhido várias vezes como o melhor arroz do mundo em concursos internacionais. É derivado do índica. Deve ser lavado antes de cozinhar e precisa de menos água do que o arroz branco comum (cerca de 1 xícara de arroz para 1,5 de água). É importado pelo Brasil e entra na categoria dos aromáticos. Também é utilizado para fins ritualísticos religiosos. Está entre os mais valorizados do mundo, juntamente com o Basmati. Para alguns, tem aroma de jasmim. Outros consideram que ao ser frito tem cheiro de pipoca e notas de nozes. Existem várias outras variedades de aromáticos no mundo, especialmente na Ásia, derivados das matrizes de Jasmim ou Basmati.

ARROZ JAPÔNICO

Foto: Divugação

Existe diversas variedades de arrozes japônicos usados, por exemplo, no preparo do sushi e do saquê. As principais são o Koshihikari (mais usado para sushi), Sasanishiki e Hatsunishiki, todos grãos curtos. Dele derivam também o cateto, o arbóreo e alguns dos mini arrozes. É o tipo mais consumido na Ásia. O Brasil tem uma produção muito pequena e a maior parte do disponível é importada. No entanto, algumas variedades salvas são utilizadas por empresas especializadas. A gigantesca burocracia atrapalha o desenvolvimento de variedades locais. Argentina e Chile estão entre os nossos maiores fornecedores. O japônico tem várias espécies derivadas, mas em geral resume-se ao mais curto e o médio. O arbóreo também deriva desta linha de arroz glutinosos.

ARROZ CATETO (Japonês)

O arroz cateto é uma variedade japônica cultivada tradicionalmente no Sul do Brasil, em especial para consumo em subsistência. Industrializado, é dirigido a dois pratos típicos: a galinhada e o arroz-de-carreteiro. Por ter origem japônica, portanto grão curto, ele é mais glutinoso e traz características de absorção dos temperos e do molho que geram a preferência de muitos dos consumidores. Em tamanho, está mais para um grão médio.

ARROZ CACHINHO (Japonês)

É um tipo de arroz japônico – variação do Cateto – tradicional no cultivo da chamada Costa Doce do Rio Grande do Sul, em municípios como Tapes, Sentinela do Sul, São Lourenço do Sul. Destina-se à culinária regional e tem recebido melhoramento genético por parte da Embrapa.

ARROZ ARBÓREO (ou para risoto)

O arroz arbóreo, também conhecido como arbóreo no Brasil, é um tradicional grão italiano. Ao contrário da primeira impressão, não se trata de um tipo de arroz produzido em árvores ou arbustos, mas assim denominado pela origem conhecida na região de Arborio, comunidade italiana da região do Piemonte, província de Vercelli, na Planície Padana, com cerca de 1.000 habitantes. É fácil reconhecê-lo, afinal, apresenta grãos médios e maiores do que os grãos do arroz tradicional e tem uma cor branca perolada.

Quando cozido, seus grãos permanecem firmes, mais do que dobram de tamanho pela alto poder de absorver líquidos, mas conferem muita cremosidade à receita escolhida por causa da grande presença de amilopectina em seu centro branco. Exclusivo para os risotos, prato típico italiano, esse tipo de arroz tem alto potencial de absorção de líquidos para que sua textura fique cremosa diante do cozimento.

Quase toda a oferta brasileira é importada da Itália, Argentina e Chile, mas também há produção no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Existem vários padrões distintos, sendo os mais famosos as cultivares de Carnaroli e Vialone nano. A produção brasileira é pequena, mas há variedade nacional direcionada a este mercado, o IAC 300, e o Epagri Pérola. Do ponto de vista botânico, é uma variedade japônica.

ARROZ BOMBA (ou Valenciano)

Arroz bomba ou valenciano Foto: Divulgação

Uma variedade de arroz arbóreo (ou arbório) de grão curto para médio, amiloso, que tornou-se referencial e típico na região de Valência, na costa mediterrânea da Espanha, graças ao seu uso na paella, prato referencial da Província espanhola. Embora a paella tenha surgido apenas no século XV, desde os anos 700 D.C – época da invasão árabe à Península Ibérica – tem-se conhecimento da produção arrozeira nas zonas úmidas valencianas, que ganhou impulso pelos hábitos alimentares muçulmanos. Também é um grão habitualmente produzido e consumido em Portugal.

MINI ARROZ

Mini arroz já é encontrado em várias marcas e cores: Foto: Arroz Ruzene

Os mini arrozes são variedades baseadas no grão japônico, mas que passaram ou por seleção natural ou melhoramento genético – como cruzamentos induzidos. No Brasil, o especialista no assunto é o Cipar, de Piracicaba/Pindamonhangaba, da Arroz Ruzene, que lançou no início da década o mini arroz branco. Depois veio o integral (que é o mesmo arroz, porém não é polido no processo industrial). Outras empresas já incluíram o grão diferenciado em suas marcas.

Atualmente, a Ruzene tem alcançado destaque com o Piagüí, um mini arroz preto que caiu no gosto da alta culinária nacional. Além dos mini arrozes integrais, já no mercado, a Ruzene pretende lançar ainda em 2022 o mini arroz vermelho, dentro de seu portfólio de produtos. Tudo devidamente registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

ARROZES COLORIDOS

Existem nada menos do que quatro diferentes tipos de arrozes vermelhos no Brasil

VERMELHO DANINHO

Fotos: Irga/Cientec

O arroz vermelho também chamado de arroz-daninho, pois é indesejável nas lavouras comerciais de grão branco, é considerado uma invasora e pode ocorrer também na cor preta. Poucas pessoas sabem, mas o vermelho é mais antigo e pertence a mesma família do grão dedicado à comercialização como branco, que é uma mutação selecionada através dos séculos pela preferência dos consumidores. Como são “irmãos”, os dois cruzam. A diferença é que em geral o “invasor” debulha seus cachos no solo antes da colheita, as sementes podem ficar 30 anos no solo esperando para emergir, e acabam infestando as lavouras comerciais. O grão vermelho – ou com manchas vermelhas eu só são identificadas no descasque e polimento – deprecia o valor comercial do branco perante o consumidor, razão pela qual é indesejado para o agricultor e o industrial.

VERMELHO MELHORADO

O segundo tipo de arroz vermelho já tem pelo menos quatro variedades registradas no Brasil pela Embrapa, Epagri, IAC e Cipar, e costuma ser vendido na forma integral. É um arroz longo-fino, dirigido em especial à alta gastronomia e que costuma custar mais do que o dobro do arroz comum. O Brasil produz pouco e também importa. Algumas indústrias incluíram em seu portólio de produtos como uma alternativa para classes A e B de consumidores.

VERMELHO ASIÁTICO

O terceiro tipo de vermelho é um grão com pelo menos duas variantes e geralmente comercializado na forma integral (que só teve sua casca removida, então guarda ainda muitos nutrientes). São eles o grão longo da Tailândia (índica) e o cultivado no Butão – e parte do Nepal, China e Índia, que é médio (derivado do japônica). Ambos são importados para consumo no Brasil em pequenas quantidades.

ARROZ VERMELHO NORDESTINO (arroz da terra ou arroz de Veneza)

Foto: Divulgação

Um dos arrozes mais antigos do Brasil foi redescoberto no início do século por um pesquisador da Embrapa Meio Norte, José de Almeida Pereira. O arroz vermelho nordestino, também chamado Arroz da Terra ou Arroz de Veneza (acredita-se que sua origem é Piemonte, na Itália e veio para o Maranhão ainda no Brasil-Colônia, em navios que partiram do porto de Veneza), foi resgatado pela culinária regional e o hábito de produtores de algumas regiões de salvarem as sementes. Seus redutos de produção estão no Vale do Piancó, na Paraíba, em especial na cidade de Santana dos Garrotes, e no Rio Grande do Norte, mas há pontos de cultivo isolados no Ceará, Bahia, Minas Gerais e Pernambuco. Nestas regiões é muito apreciado o arroz de leite, que ao contrário de outras regiões, é salgado, e preparado com arroz vermelho. A Embrapa já lançou variedades melhoradas deste tipo de grão, e atende famílias produtoras que somam cerca de 7 mil hectares no Nordeste. O Vale do Piancó está buscando, agora, consolidar o selo internacional de Indicação Geográfica para o produto.

Arroz-da-terra da Paraíba – Foto: José Almeida/Embrapa

ARROZ PRETO

Foto: Divulgação

É conhecido também como “arroz proibido”, pois era o preferido dos imperadores da China. A cor é causada pelo alto nível de antocianina contido nele. É um arroz integral com muitos nutrientes e que pode ser encontrado na versão curta (chinesa) e longa (tailandesa), com variedades desenvolvidas também no Brasil com base nos bancos de germoplasma). Tornou-se um dos queridinhos da alta gastronomia brasileira. Tem variedades desenvolvidas no país pela Epagri, Embrapa, IAC e Cipar e tem sido encontrado até mesmo em self-services de cidades grandes e médias.
Não confundir com o arroz preto que é planta invasora indesejada e que traz perda de valor comercial.

ARROZ SELVAGEM

Foto: Divulgação

Vendido como arroz, na verdade, esse grão é uma semente de gramínea aquática (Zizânia) nativa dos lagos da América do Norte, onde foi responsável pelo sustento de diversas tribos nativas do Canadá e dos Estados Unidos. Rico em proteínas, fibras e aminoácidos, o grão é longo e fino, suas cores variam do preto até o bronze, e é comercializado descascado. Sua colheita segue um ritual nos lagos canadenses, com descendentes do povo nativo realizando-a em barcos e batendo as plantas contra as proas para que os grãos caiam ao chão da embarcação. Todo o volume consumido no Brasil é importado.

MIX

Foto: Divulgação

Como o próprio nome diz, o mix de arroz é direcionado especialmente às cozinhas industriais. Inicialmente, é a mistura de arroz parboilizado e branco na medida de 50%, cada um. Tem sido adotado por diversos fatores, como tempo de cozimento e também preços. O termo mix também serve para produtos de nichos, como aquele que propõe uma alimentação saudável e apresenta diversos tipos de arroz integral – branco, vermelho e selvagem – e outros grãos. Este, no caso, pode apresentar um problema, ao consumidor, de tempo diferente de cocção de cada uma das variedades. Há variações, como 7 Grãos ou assemelhados que incluem outros tipos de cereais.

 

ASPECTOS GENÉTICOS

ARROZ HÍBRIDO

Foto: Irri

Para fins de consumo e beneficiamento, o arroz híbrido plantado e colhido no Mercosul praticamente não tem diferença das variedades “comuns”, pois produz o mesmo arroz longo-fino agulhinha. A diferença está no processo de obtenção da semente, que por causa do processo de hibridização (ou seja, o cruzamento entre duas linhagens e o efeito de heterose), tende a ter maior potencial produtivo (até 20%). Na genética e no manejo há diferenças, mas na panela as variedades atuais não representam nenhuma alteração considerável no padrão nutricional ou de cocção, aparência ou sabor.

O segmento industrial do país tem algum preconceito com o produto por causa das primeiras variedades híbridas que por aqui chegaram, que produziam um grão amarelado e com alto teor de quebrados, o que o fez perder valor comercial na indústria do branco, polido, e ser mais utilizado para parboilização. O fato dos Estados Unidos produzir muitas variedades de arroz híbrido, e sua logística de embarque de arroz a granel em chatas ao longo do rio Mississippi, de fazenda em fazenda, misturá-los e rebaixar sua qualidade, também gerou uma aversão inicial ao arroz híbrido importado. Hoje, as cultivares híbridas evoluíram não só nos aspectos agronômicos, mas de cor, sabor, forma, aparência, cocção a ponto de não apresentar diferenças perceptíveis.

ARROZ DOURADO

Foto: Irri

O Brasil não produz nenhum tipo de arroz transgênico. O arroz dourado (Golden Rice) é um tipo de grão geneticamente modificado que pode ser usado para reduzir a deficiência em vitamina A e está sendo desenvolvido no Instituto Internacional de Pesquisas em Arroz (IRRI) nas Filipinas, com parcerias globais com institutos públicos e privados de pesquisas, fundações e universidades. Foi desenvolvido por iniciativa da Fundação Rockefeller, em 1982, pelos pesquisadores Ingo Potrikus e Peter Beyer. Atualmente, entre outros, tem o apoio da Fundação Bill & Melinda Gates e oposição do Greenpeace. O arroz dourado (Golden Rice) é uma variedade modificada geneticamente por técnicas moleculares, de modo a torná-la capaz de produzir betacaroteno, um precursor da vitamina A, componente essencial da molécula de rodopsina, encarregada de absorver os raios luminosos que incidem na retina.

O grão é considerado um mecanismo capaz de ajudar a combater a cegueira causada pela deficiência de Vitamina A, que no mundo atinge meio milhão de crianças por ano. Uma vez instalada a perda total da visão, metade delas vai a óbito em 12 meses. São milhões de pessoas que morrem desta causa, em especial na Ásia.

Foto: Irri

Como o arroz é o alimento principal de quase a metade da população do mundo, mas a variedade branca não é fonte de vitamina A, os pesquisadores desenvolveram uma variedade GM capazes de acumular betacaroteno. Em 2005, a Syngenta conseguiu desenvolver tecnologia que multiplicou o potencial da Vitamina A nos consumidores.

Após 25 anos do lançamento, o IRRI conseguiu comprovar que as variedades do arroz dourado são capazes de exprimir quantidades de betacaroteno suficientes para eliminar a deficiência de vitamina A nas populações em que o arroz é base da dieta. As empresas e os institutos abriram mão de royalties sobre a tecnologia, com fins humanitários, para a difusão do uso. Canadá, Filipinas e Bangladesh já reconheceram os efeitos nutricionais da tecnologia, no entanto o arroz dourado ainda não é produzido para comercialização em escala.

ARROZ MUTAGÊNICO

Foto: Universidade do Arkansas

É considerado arroz mutagênico aquele que sofreu uma mutação ou adaptou-se a um determinado fator por indução por meio de tecnologias “convencionais”. Por exemplo, a aplicação do princípio ativo de um grupo de herbicidas sobre determinado grupo com diversas variedades de plantas. Aquelas que resistirem são trabalhadas para atender a uma determinada demanda agronômica, no caso a resistência ao princípio ativo de um herbicida. Pode ocorrer com relação a doenças, insetos ou necessidade de resistência ou tolerância de estresses bióticos ou abióticos, fatores de produção ou resposta a determinado insumo.

No Brasil, o principal exemplo de arroz mutagênico (um arroz comum que adaptou-se e desenvolveu resistência a um determinado herbicida) é o IRGA 422 CL, que começou a ser semeado em 2003/04, numa parceria do Instituto Rio Grandense do Arroz e a multinacional BASF. A variedade é resistente ao herbicida Only e Kifix, que por muitos anos eliminou o arroz daninho e outras invasoras e recuperou áreas nobres que estavam infestadas e inviabilizadas para a produção rizícola.

Sistema Clearfield em lavoura de arroz. Foto: Robispierre Giuliani/Planeta Arroz

Os estudos com o arroz mutagênico tiveram os primeiros resultados em 1996, na Universidade de Lousiana, nos EUA, quando os cientistas selecionaram uma planta resistente ao herbicida do grupo das imidazolinonas. A variedade norte-americana foi trazida em 1998 para o Brasil, quando o Irga deu início aos cruzamentos com as cultivares adaptados ao Rio Grande do Sul, tentando inserir nas plantas utilizadas no estado o gene tolerante ao produto da BASF. Em 15 anos, o sistema CL hoje ocupa mais de 85% das áreas cultivadas com arroz no RS e já espalhou-se para outras regiões do Brasil e das Américas.

ARROZ TRANSGÊNICO

Foto: Irri

O arroz transgênico é uma planta que recebe por meio artificial, um gene de outra espécie, como outras plantas, bactérias, etc… com o objetivo de expressar determinada característica. Vários países da Ásia, em especial a China, usariam variedades transgênicas que buscam maior produtividade, tolerância à seca, salinidade, frio, excesso de calor, toxicidade por ferro, alagamento, seca, entre outros fatores. Os institutos globais têm diversas pesquisas focadas nestes objetivos, algumas delas a campo. No Brasil, por questões comerciais e a própria incapacidade de segregar este produto depois que chegasse ao campo – como houve nos Estados Unidos no início deste século e causou grandes prejuízos – a cadeia produtiva decidiu não realizar pesquisas com transgenia em arroz além dos laboratórios. A Epagri, de Santa Catarina, defendeu a realização das pesquisas de campo argumentando que o Brasil perderia espaço e protagonismo na ciência mundial por causa desta decisão, mas foi voto vencido.

ARROZ ORGÂNICO

RS têm a maior produção de arroz orgânico das Américas. Foto: Tiago Giannichini

A produção orgânica no Brasil é definida pela Lei nº 10.831, de 23 de dezembro de 2003. Considera-se sistema orgânico de produção agropecuária todo aquele em que se adotam técnicas específicas, mediante a otimização do uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo à sustentabilidade econômica e ecológica, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energia não renovável, empregando sempre que possíveis métodos culturais, biológicos e mecânicos, em contraposição ao uso de materiais sintéticos, a eliminação do uso de organismos geneticamente modificados e radiações ionizantes, em qualquer fase do processo de produção, processamento, armazenamento, distribuição e comercialização, além da proteção do meio ambiente.

Foto: Divulgação

A lei define como produto orgânico “aquele obtido em sistema orgânico de produção agropecuária ou oriundo de processo extrativista sustentável e não prejudicial ao ecossistema local”. O conceito se estende por todo o processo agroindustrial. A certificação e rastreabilidade são consideradas fundamentais para dar confiabilidade ao produto a à sua procedência. No Brasil, o Rio Grande do Sul, por meio das cooperativas de assentamentos da reforma agrária, lidera a produção de arroz orgânico, cuja colheita 2019/20 teria alcançado 16 mil toneladas, em cerca de 3.500 hectares e envolvido 363 famílias em 15 assentamentos, mas há outras iniciativas. Em Santa Catarina a produção tem crescido. Tanto a Embrapa quanto Epagri (SC) publicaram material de orientação às práticas do sistema.

ARROZ SEM DEFENSIVOS QUÍMICOS

Foto: GPAI/UFSM

É um sistema de produção que reúne as boas práticas agrícolas recomendadas para o arroz, não usa defensivos industriais, mas não abre mão de utilizar fertilizantes. O Grupo de Pesquisas em Arroz Irrigado e Usos Alternativos de Várzeas (Gpai) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), lidera pesquisas na área. Uma das conclusões dos cientistas nas quatro primeiras safras experimentais, é a de que o grande gargalo da produção orgânica é a baixa produtividade, devido às deficiências nutricionais das plantas, que não são supridas por produtos naturais. Isso inviabiliza ou restringe economicamente o sistema. É uma alternativa para quem não pretende usar agrotóxicos, mas ao mesmo tempo não quer reduzir demais os volumes colhidos.

Fotos: GPAI/UFSM

ARROZ BIODINÂMICO

Fotos: Gentileza família Volkmann

É um sistema de cultivo de conceito orgânico (biológico-dinâmico) que busca maior sinergia com o ambiente e utiliza insumos desenvolvidos dentro do conceito da biodinâmica, sem adubos químicos, agrotóxicos ou conservantes. O meio ambiente, a paisagem e a biodiversidade são indicadores fundamentais para o equilíbrio produtivo. Para auxiliar a natureza no desenvolvimento de alimentos saudáveis, são aplicados de forma homeopática na lavoura preparados biodinâmicos com plantas medicinais, cristais, minerais, e a adubação utiliza ainda esterco pecuário e restos culturais decompostos. A referência no Mercosul é a Volkmann Alimentos, de Sentinela do Sul (RS), que preserva 35% da área total da fazenda com cobertura nativa e beneficia, embala e comercializa as colheita. Além do processo agrícola e industrial, trata-se de uma filosofia para a produção de alimentos mais saudáveis e com sinergia com o meio ambiente, a saúde e o bem-estar social.


No processo, o grão é armazenado em casca, com controle de temperatura e umidade, dispensando o uso de inseticidas. O beneficiamento – retirada da casca e do farelo – é feito em engenho próprio que processa exclusivamente produtos orgânicos. Os grãos são embalados a vácuo, uma forma eficaz de controlar os gorgulhos do arroz que naturalmente ocorrem em grãos não tratados quimicamente.

Elaborado por AgroDados/Planeta Arroz

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