Hora de ofertar

Governo aproveita entressafra e pressão
do consumidor para desovar estoques finais
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 O governo federal aprovou a liberação de 100 mil toneladas de arroz em casca dos estoques oficiais da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ao longo de 2016. O primeiro leilão, de 25 mil toneladas, foi realizado no dia 5 de fevereiro, com a referência do preço de liberação de estoque (PLE) em R$ 36,57 a saca (valor de compra + custos de carregamento). A estratégia governamental é aproveitar o pico de entressafra, a demanda das indústrias e as manchetes de arroz como vilão da alta de preços ao consumidor para mostrar serviço e se livrar de custos.

A política do atual governo é reduzir ao máximo os custos com a preservação e armazenagem de estoques públicos e manter volumes mínimos para atender programas sociais, ajudas humanitárias e atendimento de catástrofes. Comercializadas as 100 mil toneladas, restarão menos de 15 mil toneladas de grão nos estoques públicos, o que retira do país a capacidade de interferir no mercado interno oferecendo produto cada vez que os preços sobem.

Ao mesmo tempo, o governo federal assume uma posição mais liberal com relação às relações de mercado e anuncia que busca meios de financiar a eventual necessidade de importação de arroz pra suprir a demanda nacional. Inicialmente, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) trabalha com a expectativa de que o Brasil importará 1 milhão de toneladas em 2016/17. Destas, extraoficialmente, existe a informação de que o governo estaria disposto a criar linhas de financiamento para a aquisição de até 500 mil toneladas, deixando o mercado livre para buscar volume equivalente. A regulação do crédito está associada a não importação de volumes superiores à demanda interna que prejudiquem o equilíbrio do mercado.

FIQUE DE OLHO

Ao longo de 2015 os preços do arroz ao produtor subiram em média 10% depois de uma contração no primeiro semestre. A inflação oficial,segundo o IBGE, bateu em 10,67%. Os custos do segmento arrozeiro acumularam alta de 12% e 15% na safra 2015/16. As cestas básicas nas principais cidades brasileiras tiveram altas no valor do arroz ao consumidor que variam de 9,7% a 16%, dependendo da região, com média de preços entre R$ 12,00 e R$ 15,00 para o saco de cinco quilos, branco, tipo 1.

Volta o Arroz na Bolsa

Os leilões privados de oferta de arroz em lotes de até 100 mil sacas por quinzena, que formam o programa Arroz na Bolsa, desenvolvido pela Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), Irga, Emater/RS, corretoras e Federarroz, devem retornar em fevereiro. Segundo o presidente da BBM, Giuliano Ferronatto, o programa visa manter um fluxo de oferta ao mercado com transparência nas operações e garantia de pagamento.

O sistema também funciona como um sinalizador de preços e “termômetro” para o mercado gaúcho e permite que empresas de qualquer lugar do país possam adquirir o produto, ou seja, pulveriza a oferta e promove o livre mercado. Ferronatto explica que novos ajustes devem acontecer para 2016.

Nos cinco leilões de 2015 foram ofertadas 352.640 sacas de arroz em casca de 50 quilos na BBM, sendo 253.360 comercializadas (71,85%). A média de preços dos leilões ficou em R$ 41,13 por saca, com a maior média ponderada em R$ 41,85 e a menor em R$ 39,85.

Os melhores preços foram obtidos pelo produto com referência do produtor, da variedade e do padrão do cereal. Considerando que as operações começaram no dia 8 de outubro e foram até dezembro, o preço médio de R$ 41,13 superou os valores praticados no mercado livre.

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