Irga divulga novo boletim de clima e previsão do tempo

 Irga divulga novo boletim de clima e previsão do tempo

Foto: Arquivo Revista Planeta Arroz

(Por Irga) O Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) divulgou seu boletim semanal com o acompanhamento da situação de estiagem nas áreas arrozeiras do Rio Grande do Sul. Abaixo, a sua íntegra.

Previsão do tempo e situação das lavouras de arroz irrigado em relação ao quadro de estiagem no Rio Grande do Sul

 Embora tenham ocorrido chuvas na última semana, elas foram irregulares no Rio Grande Sul, aliviando de forma pontual e momentânea a estiagem, principalmente nas regiões das Planícies Costeiras e Zona Sul. Além disso, as temperaturas têm sido muito altas nesses primeiros dias de 2022. Vale salientar que, até momento, tivemos a ocorrência de três ondas de calor no RS (é quando a temperatura passa dos 35°C por, em média, cinco dias consecutivos). A primeira ocorreu entre os dias 29 de dezembro e 03 de janeiro; a segunda, entre os dias 10 e 17 de janeiro; e a terceira está ocorrendo agora, entre os dias 19 e 25 de janeiro.

Conforme as recomendações técnicas da Sociedade Sul-Brasileira de Arroz Irrigado (SOSBAI), a faixa crítica de baixas temperaturas para induzir esterilidade no arroz é de 15 a 17°C para cultivares tolerantes ao frio e de 17 a 19°C para as cultivares mais sensíveis, quando estas ocorrem durante o estádio R2 (emborrachamento) e/ou estádio R4 (floração). Altas temperaturas (maior que 35°C por mais de três dias consecutivos) durante o estádio R4 (floração) também causam esterilidade de espiguetas, reduzindo a produtividade da lavoura. Os danos de baixas temperaturas são mais elevados quando ocorrem no estádio R2 do que no R4. Já as altas temperaturas possuem maior potencial de dano durante o estádio R4 do que em R2.

São por essas razões que o Irga (pesquisa e extensão) preconiza que o produtor concilie época de semeadura e ciclo de cultivar, para que o período reprodutivo da planta coincida com o de maior disponibilidade de radiação solar (dezembro e janeiro) e com o de menor incidência, principalmente, de temperaturas baixas, já que altas temperaturas são normais de ocorrer durante o verão.

De acordo com o levantamento realizado pelo comitê de estiagem do Irga em conjunto com as Coordenadorias das seis (6) regiões arrozeiras atendidas pela instituição, informamos que a situação das lavouras de arroz irrigado é de extrema atenção. A maior parte das lavouras encontra-se no estádio fenológico reprodutivo, que é a fase mais crítica quanto ao déficit hídrico. Com as chuvas ocorridas nesta semana, nossas equipes estão no campo realizando o levantamento para monitorar as perdas e avaliar a situação dos mananciais. Segue a previsão climática e o panorama das seis regiões arrozeiras desta semana.

  1. PREVISÃO DO TEMPO PARA O PERÍODO DE 21 DE JANEIRO A 05 DE FEVEREIRO DE 2022

A última semana teve predomínio de áreas de instabilidade atuando sobre o Rio Grande do Sul e de altas temperaturas, que ultrapassaram a marca dos 40°C em vários municípios. As precipitações foram muito irregulares, como mostra o mapa da Figura 1. Os maiores volumes ocorreram em áreas da Zona Sul e das Planícies Costeira Interna e Externa.

Figura 1. Precipitação acumulada nos últimos sete dias, ou seja, de 14 a 20 de janeiro de 2022. Fonte: INMET

Para os próximos 15 dias, o modelo GFS continua prevendo chuvas para o RS. No entanto, antes disso, as temperaturas estarão muito elevadas. Desde o dia 19 estamos passando por uma onda de calor, que continuará até 25 de janeiro.

A chuva deverá ficar mais ativa no RS a partir de domingo, dia 23, até o dia 27 de janeiro, alimentada pelo fluxo de umidade que vem da região Amazônica e pelas altas temperaturas. No entanto, essa chuva ainda deverá ocorrer de forma irregular no Estado.

Depois, entre os dias 30 de janeiro e 1º de fevereiro, um sistema frontal deverá conseguir chegar com mais força ao RS, provocando chuvas mais intensas e abrangentes, como se pode ver pelas cores nos mapas, em tons de azul e rosa, com acumulados acima dos 40-60mm (Figura 2).

Figura 2. Previsão diária da precipitação para o período de 21 de janeiro a 05 de fevereiro de 2022. No canto inferior direto está a precipitação total acumulada para o período. Fonte: Tropical Tidbits, modelo GFS

 

 SITUAÇÃO DAS LAVOURAS DA METADE SUL DO RS ENTRE 14 E 21 DE JANEIRO

 REGIÃO CENTRAL

 As chuvas ocorreram de forma desuniforme na região nessa semana. Os volumes variaram de apenas 5mm a até 80mm. Dessa forma, nos locais com os maiores volumes, mais ao leste da região, a situação, que estava crítica, foi amenizada. A possível continuidade do tempo seco, porém, tende a agravar a situação, principalmente nas lavouras irrigadas por arroios e rios de menor capacidade. Por outro lado, na parte oeste da região, o volume de chuvas foi muito baixo, agravando ainda mais as condições e aumentando as ocorrências de lavouras sem água. Estima-se que 15% da área da Região Central esteja com deficiência de irrigação. Considerando ainda que 60% das áreas estão no período reprodutivo, fase crítica para deficiência hídrica no arroz, com o transcorrer do ciclo da cultura, a situação das perdas tende a se agravar. Outro ponto que causa preocupação é a sequência de dias com altas temperaturas, que nas lavouras em floração podem causar maior esterilidade das espiguetas e possível redução das produtividades.

  FRONTEIRA OESTE

 A situação se agrava a cada dia, pois os níveis das barragens e rios estão muito baixos, abaixo da média histórica, o que dificulta a captação de água pelas estações de bombeamento. Associado a esse fato, temos altas temperaturas e baixa umidade do ar, elevando as perdas por evaporação. A maioria dos produtores está com dificuldade de manter a irrigação em área total, optando por deixar talhões sem irrigação, ocasionando graves perdas nessas áreas. Com isso, temos uma estimativa de área sem irrigação de 6%, área comprometida por irrigação irregular “banho” de 23% na Fronteira Oeste. Existem situações mais graves, como os municípios de Maçambara com 55%, e São Borja, com 36% da área, com deficiência na irrigação.

CAMPANHA

A cultura do arroz na Região da Campanha está com 98% da área em estádio reprodutivo e 2% no estádio vegetativo. O baixo volume de chuva nos últimos dias proporcionou somente um alívio momentâneo aos produtores de arroz da região. Os reservatórios seguem com níveis críticos, gerando dúvidas quanto à manutenção da irrigação até o final do ciclo da cultura. No momento não temos registro de lavouras de arroz perdidas, porém alguns produtores precisaram lançar mão da irrigação “intermitente”, com a finalidade de reduzir os impactos. A situação mais grave permanece no município de Cacequi, onde não houve mudança nos níveis dos rios que possibilitasse uma melhor captação de água.

ZONA SUL

A situação das lavouras de arroz e soja em terras baixas foi amenizada com as chuvas que ocorreram na região, porém de forma irregular. A Laguna dos Patos continua salinizada, enquanto os seus afluentes voltaram a ter água doce, à medida que essas águas das chuvas percolam e descem pelos seus leitos. Aqueles produtores que haviam desligado seus levantes por alguns dias retomaram a irrigação. As previsões indicam para os próximos dias mais chuvas na região, porém, ainda de maneira irregular. Os monitoramentos das águas salinas continuam sendo realizados pelos técnicos do 2º Nate, dentro do Projeto Solos e Águas Salinas, desenvolvido pelas divisões de Pesquisa e Extensão do Irga e monitoradas, também, por alguns produtores, nos municípios de Pelotas e Turuçu. As lavouras de arroz avançam no seu desenvolvimento, estando 10% no estádio vegetativo e 90% no reprodutivo. Mantemos a preocupação com as altas temperaturas, devido ao atual estádio da cultura.

PLANÍCIE COSTEIRA EXTERNA

Lavouras de arroz em torno de 55% em estádio reprodutivo e o restante em vegetativo. Mananciais em nível de alerta, mesmo com a precipitação do início da semana. Essa chuva abrandou a situação em algumas regiões, que já se encontravam em estágio crítico. Algumas lavouras de arroz, casos pontuais, iniciaram a irrigação com mais de 60 dias após semeadura, comprometendo o potencial produtivo. Atenção ao aumento de salinidade na Lagoa dos Patos, na região de Tavares e São José do Norte, algumas lavouras com irrigação intermitente em função da água salgada. Lavouras de soja em floração e enchimento de grãos, com bom desenvolvimento, apesar de algumas apresentarem crescimento retardado em função da falta de água.

PLANÍCIE COSTEIRA INTERNA

As chuvas ocorridas no final de semana amenizaram os efeitos da estiagem na região, apesar de ser desuniforme, contribui para as lavouras de sequeiro da região principalmente a soja. As lavouras de arroz apresentam acima de 90% no estádio reprodutivo, fase da cultura que inspira cuidados, a preocupação é com as altas temperaturas, que poderão ocasionar perdas se assim persistirem. Alguns arroios e riachos menores apresentam pequeno aumento no volume em função das últimas chuvas. A Laguna dos Patos, que começa a salinizar, está sendo monitorada pelos técnicos dos Nates e no momento possui qualidade e quantidade suficiente para irrigação.

EQUIPE TÉCNICA

  • Presidente: Rodrigo Machado
  • Diretor comercial: João Batista Gomes
  • Diretora técnica: Flávia Tomita
  • Gerente do Departamento Técnico: Luciano da Luz Medeiros
  • Meteorologista do Irga: Jossana Cera
  • Os seis coordenadores regionais: André Matos (Zona Sul), Cleiton Ramão (Fronteira Oeste), Cleo Soares (Planície Costeira Interna), Gelson Facioni (Campanha), Pedro Hamann (Central) e Vagner dos Santos (Planície Costeira Externa)

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