Perspectiva e análise histórica da rentabilidade do arroz no RS

 Perspectiva e análise histórica da rentabilidade do arroz no RS

O mercado de arroz no estado do Rio Grande do Sul (RS), responsável por cerca de dois terços da produção brasileira, tem apresentado ao longo das últimas safras reduzida rentabilidade nas suas diversas regiões produtoras. Os elevados custos de produção são os principais fatores que têm influenciado esse resultado, sendo que nas últimas cinco safras apresentaram uma elevação de 41,24%. Em contrapartida, no mesmo período, o preço subiu 21,43%.

Com isso (vide Tabela 1), a partir de uma análise mensal dos custos operacionais, das produtividades e dos preços de mercado ponderados pelo fluxo de comercialização observa-se que apenas nas safras 2014/15 e 2015/16 os produtores obtiveram uma boa rentabilidade. No entanto, nas últimas três temporadas a situação financeira do setor vem se agravando, com destaque negativo para a região da Depressão Central.

Atualmente, com a reduzida da safra 2018/19, em função de problemas climáticos no estado e com o real desvalorizado, há uma expectativa de viés de alta nos preços nos próximos meses, todavia, a previsão é que apenas uma pequena parcela dos produtores se beneficiem deste cenário, haja vista que a maior parte da safra já foi comercializada. Com base nos históricos de comercialização do setor orizícola, pode-se estimar que até o final de outubro, por volta de 85% da safra já foi comercializada.

Já para a safra 2019/20, que deve ser plantada em quase sua totalidade dentro da janela ideal de plantio, a conjuntura dos preços é de pouco aquecidos mesmo diante de um prognóstico de redução de área. Esse cenário é traçado em virtude de uma paralela retração do consumo identificada nos últimos anos. Hoje trabalha-se com um consumo nacional de 10,6 milhões de toneladas, semelhante ao mesmo número de safra divulgado recentemente pela Conab. Ou seja, espera-se um mercado equilibrado na safra 2019/20 e com isso, modelos econométricos indicam que os preços devem ficar comercializados em uma média de R$ 46,00 por saca. Ressalta-se, entretanto, frente à intensificação da oferta e à sazonalidade negativa no início do período de colheita (março a junho), que os preços possam ficar próximos de R$ 42,00 por saca nesse período.

Em vista deste cenário, caso os parâmetros utilizados se confirmem, espera-se um quadro de rentabilidade não uniforme para o Rio Grande do Sul (vide Tabela 2). Na região da Depressão Central há expectativa de margem líquida negativa nos três cenários de preços, enquanto que na Fronteira Oeste projeta-se uma margem líquida positiva em todos os cenários. Logo, identifica-se, não apenas nas últimas safras, como também para a safra 2019/20, uma perspectiva de heterogeneidade nos modais produtivos do setor orizícola gaúcho.

SÉRGIO ROBERTO
GOMES DOS SANTOS JÚNIOR
ECONOMISTA E GERENTE DA CONAB

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