Perspectivas em detalhe

 Perspectivas em detalhe

 O mercado do arroz na Safra 2019/2020 vem apresentando preços recordes e um volume exportado no primeiro semestre muito acima do usual para o mesmo período do ano. Esse cenário atípico não é reflexo apenas da pandemia, sendo os cenários nacional e internacional antes da crise determinantes no atual comportamento do mercado orizícola brasileiro, segundo avaliação de Sérgio Roberto Santos Júnior, gerente de Inteligência, Análises Econômicas e Projetos Especiais da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A consistente ampliação da produtividade tem sido um fator preponderante para que o volume produzido não tenha uma forte queda no Brasil.

Analisando a produção entre a área plantada de 2019/20 e a de 2016/17, temos uma retração de -40,9% no Brasil e de -17,1% no Rio Grande do Sul, estado que representa 70% da colheita nacional. A produtividade cresceu 7,8%, fazendo com que a produção tenha reduzido apenas -9,3%.

Santos Júnior observa que essa nítida redução de área é resultado principalmente da baixa rentabilidade do setor produtivo entre as safras 2017/18 e 2018/19, em especial ao se comparar com a cultura concorrente da soja. Os estoques de passagem chegarão aos menores patamares das últimas quatro safras, com 534,2 mil toneladas, reflexo da retração da oferta nacional.

Alguns fatores que podem ser observados para o bom desempenho do Brasil na balança comercial do arroz neste ano: a consolidação do grão brasileiro no mercado internacional após super safra 2010/11; acúmulo de superávits a partir de então; fator cambial e fidelização de clientes.

Não pode ser esquecido, em contrapartida, o fluxo de importação de grãos de parceiros do Mercosul, com destaque para o Paraguai e Uruguai (fundamentais na composição da oferta interna). Apesar dos consistentes superávits, não há um grande distanciamento do volume exportado e importado pelo país, segundo Sérgio Roberto Santos Júnior, da Conab.

CENÁRIO

Para ele, o cenário internacional ajudou a formação de melhores preços no Brasil em 2020, como a alta das cotações globais e a restrição hídrica na Tailândia na safra de inverno no fim de 2019; cenário de incertezas no primeiro semestre com a covid-19; restrição do volume exportado de importantes fornecedores como China e Vietnã; ampliação da demanda dos países importadores em busca de segurança alimentar por meio da ampliação de seus estoques. “A elevação do preço do arroz no mercado internacional, somada à forte valorização do dólar, elevou a competitividade do grão brasileiro no primeiro semestre”, afirma.

FIQUE DE OLHO
No Brasil, identifica-se uma sazonalidade negativa no primeiro semestre, como resultado da concentração da colheita no país no período. No mundo, identifica-se uma sazonalidade negativa no segundo semestre, como resultado da concentração da colheita de verão nos principais países produtores.

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