Preços no radar do consumidor

 Preços no  radar do consumidor

Estabilidade: barato, o arroz não muda muito de preço

Por ser um produto acessível, arroz mantém-se num patamar abaixo de
R$ 3,00 por quilo
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 O arroz é a base da alimentação brasileira e de mais de 50% da população mundial. O Brasil é o maior país consumidor de arroz fora da Ásia, o que o torna tão atrativo para a produção do Mercosul, em especial. Ao mesmo tempo em que mantém uma demanda relativamente estável, a cadeia produtiva precisa se virar num eterno “estica e puxa” para adequar a intensa alta de custos aos produtores e à indústria e, por outro lado, a um varejo e um consumidor que não pretendem pagar mais pelo cereal.

O consultor Carlos Cogo, da Carlos Cogo Consultoria, destaca que o consumo brasileiro se mantém na faixa de 37 quilos de arroz beneficiado por habitante ao ano. Em 2015, com a aceleração da inflação, os consumidores se mostraram ainda mais refratários a reajustes nas gôndolas dos supermercados. “O arroz parece encontrar uma forte barreira na linha acima dos R$ 3,00 o quilo (em termos reais). Os preços ao consumidor não estão subindo no Brasil, em termos reais, nos últimos três anos. Analisando o produto com valores deflacionados pelo Índice Geral de Preços (IGP-DI) de fevereiro de 2016, por exemplo, fica evidente que os preços estão próximos da média da última década, em termos reais, que é de R$ 2,95 o quilo. O preço atingiu a média de R$ 3,00 o quilo no varejo de São Paulo em fevereiro de 2015”, frisa o analista.

Na última década, em termos reais, os preços estiveram abaixo da média entre 2010 e 2012. Entre 2013 e o início de 2016 os preços oscilaram muito próximos da média de R$ 2,95 o quilo no varejo. “Entretanto, anteriormente, entre meados de 2008 até o início de 2010, os preços estiveram acima da média, chegando a ficar próximos dos R$ 3,80 o quilo”, informa. Entre março de 2015 e fevereiro de 2016 o valor de compra ao consumidor caiu 1,1%. “Em 24 meses, considerando março de 2014 a fevereiro de 2016, houve uma alta de 5% em termos reais. No entanto, considerando um período maior, de 36 meses, há uma baixa de 1,2%”, diz Cogo.

Parte desta movimentação está associada às intervenções do governo federal com a oferta de estoques, que este ano está descartada. “O arroz é um produto barato, então com qualquer percentual de reajuste nas gôndolas ele já surge como vilão da inflação nas notícias. Mas se for colocar na ponta do lápis, é uma variação de preços de alguns centavos”, explica o diretor comercial do Instituto Rio Grandense do Arroz, Tiago Sarmento Barata.

O economista-chefe da Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul, Antonio da Luz, faz um rápido cálculo e assegura que para movimentar 1% de inflação o preço do arroz precisaria subir 9.800%. “O que há é uma desinformação das pessoas quanto ao que realmente gera inflação – a má gestão dos recursos públicos, endividamento do estado, rombos econômicos e previdenciários, má conduta fiscal, falhas na arrecadação e investimentos equivocados, fatores que estão muito longe do preço do quilo de arroz”, assegura. Em meados de maio, no Rio Grande do Sul, era comum encontrar pacote de um quilo de arroz branco ou parboilizado tipo 1 na faixa de R$ 2,20 a R$ 2,40. O pacote de cinco quilos variava de preços entre R$ 10,00 e R$ 13,00 entre as marcas mais populares e chegava a R$ 15,00 nas marcas nobres.

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