Quadro ajustado

 Quadro ajustado

Emergência da lavoura de arroz sofreu um pouco por falta de chuvas

 Mesmo em área maior, produtividade em queda enxugará produção em 2%

O clima será o fator determinante para dimensionar a próxima safra de arroz no Brasil, e as perspectivas oficiais não são das melhores. Sob impacto do fenômeno climático La Niña, a expectativa é de que a colheita de arroz será 2% menor em 2020/21, alcançando 10.961,8 mil toneladas. O recuo acontecerá mesmo diante de um aumento de 3,2% na área, que subirá para 1.719,7 mil hectares com rizicultura no país, mas apresentará uma queda em produtividade de 5,1%, retroagindo a 6.374 quilos por hectare. Vale lembrar que na safra passada o Rio Grande do Sul, responsável por 71% da produção nacional, bateu um recorde de produtividade graças ao clima favorável, o que dificilmente se repetirá.

Os números da Companhia Nacional de Abastecimento, referentes ao segundo levantamento da safra de verão de 2020/21 divulgado nos primeiros dias de novembro/20, ainda são considerados muito precoces, uma vez que pelo menos 20% das lavouras gaúchas ainda aguardavam ser plantadas e a falta de chuvas vinha prejudicando a emergência das plantas. De qualquer maneira, estima-se que perto de 90% da superfície total deverá se semeada até 20 de novembro, prazo final recomendado pelas pesquisas.

Os produtores acreditam que, de maneira geral, o fenômeno climático La Niña será benéfico. “Em geral chove mais do que em anos neutros, o que é uma boa notícia. O problema é que arrancamos com algumas regiões com o nível das barragens bem abaixo do normal por causa da forte seca de 2019/20 e um inverno de baixa reposição”, observa Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz).

No Brasil, 77% das áreas de arroz serão manejadas em sistema irrigado, contra 23% em zonas de sequeiro. Com essa maior proporção de áreas irrigadas, a expectativa é que o rendimento se mantenha em patamares maiores, sendo que atualmente, a previsão é de produtividade média superior a 6.300 kg/ha, podendo perfazer uma produção de quase 11 milhões de toneladas.

Expansão menor do que o esperado
Outro fator preponderante é a área, que, a princípio, aponta para uma menor expansão (+3,2) do que inicialmente previsto nos modelos estatísticos. Porém o plantio de arroz no país ainda não se encontra finalizado, o que ocorrerá apenas em finais de dezembro e poderá haver ajustes. Atualmente, os patamares recordes de preços nominais e reais podem influenciar em um direcionamento maior de área para a cultura do arroz, principalmente no Rio Grande do Sul, segundo a Conab. Em meados de dezembro de 2020, com 100% da área plantada, a Conab terá um número mais assertivo com uso combinado de vistorias a campo e imagens de satélites.

Caso se confirme a estimativa de 11 milhões de toneladas para a safra, projeta-se que não haverá forte reversão de preços e, com isso, dificilmente o Brasil manterá sua posição superavitária na balança comercial. Nesse cenário, a expectativa para 2020/21 é de equilíbrio, com as exportações e as importações sendo previstas em 1,1 milhão de toneladas. Mas, geralmente a Conab erra os números da balança comercial.

Fique de olho
CONSUMO: Diante das projeções recentes do Boletim Focus, do Banco Central, de crescimento de 3,3% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, para o ano de 2021, após uma forte retração estimada de 4,8% no ano de 2020, projeta-se uma manutenção de demanda nacional em 10,8 milhões de toneladas para a próxima safra. Como resultado das variáveis ilustradas acima, o estoque final da safra 2020/21 deverá ampliar, ainda que levemente seu volume, e ficar com um total de 699,3 mil toneladas, no fim de fevereiro de 2022.

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