Reduzir a produção não resolve o problema

A solução para o excedente também passa pela equalização tributária
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A questão relacionada ao excedente de arroz no mercado é complexa e precisa ser avaliada a partir de algumas variáveis. Esta é a análise do economista da assessoria econômica da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Antonio Newton Corrêa da Luz. “Primeiramente, devemos lembrar que a orizicultura brasileira não se caracteriza pela produção de excedentes. Nas últimas seis safras, por exemplo, nós somente produzimos excedente em 2009. Em todas as demais safras produzimos menos que o consumo total”, observa.

Conforme Antônio da Luz, a oferta costuma ultrapassar o consumo em razão das importações dos países do Mercosul, gerando um excedente de mercado, o que não é culpa do produtor brasileiro. “A alternativa sugerida por algumas pessoas em reduzir a produção para encontrar o equilíbrio, por exemplo, estaria absolutamente correta, se estivéssemos produzindo mais do que o consumidor está disposto a consumir. Mas não é o caso”, cita.

Ele acredita que o arroz do Mercosul continuará entrando no país com preços melhores que o cereal brasileiro porque Uruguai, Argentina e Paraguai podem produzir com custos menores, em razão de sua tributação e logística. “Então, temos que pensar no que fazer com nosso produto. Talvez a única decisão que esteja na mão dos produtores seja buscar alternativas de produção em outros grãos ou em atividades pecuárias, o que nem sempre é possível devido às limitações tecnológicas”, explica.

O economista diz ter ficado impressionado com a leitura de alguns relatórios divulgados no site da Anuga 2011, principal feira de alimentos e bebidas do mundo, realizada em Colônia, na Alemanha. “Uma das coisas que chama a atenção é a variedade de produtos derivados de arroz que estão sendo expostos. Até ‘leite’ de arroz está sendo produzido e Anuga indica tendências de mercado. Ao mesmo tempo, nosso produto é de alta qualidade e se presta para a produção de uma infinidade de derivados. Então, devemos atentar mais para o que está acontecendo no mercado global desses derivados”, sugere.

Na visão da assessoria econômica da Farsul, a melhor solução – embora a mais difícil – seria os governos federal e estadual oferecerem tributação sobre os itens que compõem os custos de produção do arroz igual aos oferecidos pelos governos argentino, paraguaio e uruguaio aos seus produtores. “Se assim fosse, teríamos competitividade para sermos importantes exportadores, e não importadores. O mais extraordinário é que a renúncia fiscal para deixar o arroz brasileiro mais competitivo no mercado global é menor que o gasto efetuado pelo governo para tentar salvar o setor depois que a crise está instalada”, avalia.

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