Safra quente

 Safra quente

Atraso no plantio e calor excessivo derrubam produtividade do arroz
no Rio Grande
do Sul em 2014.

O Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) deu números finais à safra gaúcha confirmando o que toda a lavoura já sabia. A produção foi menor do que se esperava inicialmente devido ao atraso no plantio em algumas regiões e, principalmente, o calor excessivo no período reprodutivo das lavouras. Segundo a seção de política setorial do Irga, a colheita foi apenas 0,5% maior do que na temporada 2012/13, alcançando 8.112.813 toneladas do cereal numa área total de 1.120.085 hectares. A produtividade média alcançou 7.243 quilos por hectare, com queda de 3,4% em comparação com a temporada passada. O aumento produtivo, portanto, esteve restrito à ampliação de área.

O presidente do Irga, Cláudio Pereira, explica que entre as seis regiões arrozeiras gaúchas, a Fronteira Oeste apresentou a maior produção, 2.611.576 toneladas, e a maior produtividade, 7.826 quilos por hectare. A Planície Costeira Externa à Lagoa dos Patos teve a menor produção, 884.014 toneladas, e produtividade de 6.288 quilos por hectare. Segundo Pereira, essa diferença ocorreu principalmente em decorrência do período de semeadura em cada região.

“Enquanto na Fronteira Oeste os produtores semearam o grão na época recomendada, muitos ainda no início de setembro, em outras regiões, como as planícies costeiras Interna e Externa, a grande quantidade de chuva da primavera prejudicou o início do plantio. Isso apresentou efeitos no rendimento da lavoura”, explica o dirigente. Além disso, o excesso de calor em janeiro e fevereiro, em plena fase reprodutiva das plantas, gerou abortos na floração e grãos chochos ou falhados.

Apesar das dificuldades pontuais e de uma produção até 500 mil toneladas abaixo do inicialmente esperado no estado, Cláudio Pereira avalia positivamente a safra 2013/14. Para ele, a queda na produtividade foi minimizada pelos bons preços do cereal, que se mantiveram estáveis e dentro dos padrões de 2013.

AVANÇOS
Ainda segundo o presidente do Irga, alguns avanços significativos podem e devem ser pontuados: é o caso do crescimento das exportações neste primeiro semestre do ano comercial, o incentivo à rotação de culturas, que já leva as zonas arrozeiras à produção de mais de 300 mil hectares de soja, e o advento do crédito presumido de até 7% para as indústrias que beneficiam pelo menos 90% de arroz gaúcho, medida que impõe limites para a importação, que permitiram que os preços se mantivessem elevados. “Está ocorrendo uma mudança importante no cenário da lavoura gaúcha: a busca de maior eficiência, competitividade, alternativas de produção e ganhos agronômicos, ambientais e econômicos. É um momento de crescimento da lavoura. Não necessariamente em área, mas em eficiência. E isso deve ser destacado”, finaliza.

FIQUE DE OLHO
As entidades arrozeiras ainda consideram muito cedo para fazer qualquer projeção de área para a próxima safra, em função especialmente do clima. Espera-se a ocorrência de um fenômeno El Niño no final do inverno e na primavera, o que será determinante na definição de área cultivada. Mas numa coisa Irga, Farsul, Federarroz e até segmentos da indústria concordam plenamente: o ideal é que o produtor mantenha a área cultivada e busque maior eficiência produtiva e competitiva, além da sustentabilidade econômica e ambiental.

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