Somos competentes na produção de arroz, mas precisamos ser competitivos

 Responsável por garantir o arroz no prato de 73% dos brasileiros, o Rio Grande do Sul inicia nova safra convivendo mais uma vez com adversidades climáticas. Após um ano marcado pelos efeitos do fenômeno El Niño, fortes chuvas voltaram a se fazer presentes nas principais regiões produtoras, contrariando a expectativa inicial de condições climáticas mais amenas para a cultura.

Além das dificuldades relacionadas ao clima, a safra inicia com o produtor apreensivo em relação aos aspectos comerciais. A sistemática elevação dos custos de produção e a dificuldade de acessar o crédito oficial são fatores que ameaçam a sua permanência na atividade. Definitivamente, não há margem para perdas nas lavouras de arroz.

Básico na alimentação, o arroz também exerce uma função importante na economia do estado. Este ano, apesar da quebra de safra, a produção e a industrialização do arroz acumularam uma receita (VBP – valor bruto da produção) de R$ 12,2 bilhões, o que corresponde a 3,8% do PIB gaúcho. Em alguns municípios, como Alegrete e Uruguaiana, o VBP do arroz equivale a um quarto do PIB municipal, enquanto em Santa Vitória do Palmar essa relação se aproxima de 70%.

Reconhecendo a importância socioeconômica da cultura e mostrando sensibilidade às dificuldades enfrentadas pela cadeia produtiva, o governo estadual aprovou em outubro um decreto para melhorar as condições competitivas do arroz gaúcho no abastecimento dos principais centros consumidores do país. Agora cabe aos setores produtivo e industrial mostrarem que a redução da carga tributária não significa renúncia de receita, mas incentivo ao desenvolvimento e fortalecimento da economia do estado.

Para tanto, será preciso azeitar as engrenagens. Isoladamente, a medida é insuficiente para garantir alguma vantagem competitiva. Além das questões tributárias, tem que se ter clareza de que é preciso focar na redução do custo unitário de produção sem perder qualidade, buscar a valorização do arroz junto aos consumidores e divulgar as suas propriedades nutricionais e nutracêuticas. Temos que vender melhor a qualidade do arroz gaúcho como um diferencial competitivo.

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