Ritmo acelerado

 Ritmo acelerado

Venda externa assegura equilíbrio nas cotações do mercado brasileiro

Exportação é alternativa para escoar produção excedente .

A sustentação do crescimento da orizicultura brasileira nos próximos 10 anos depende de encontrar maneiras de consumir o excedente. Um estudo realizado pela Embrapa Arroz e Feijão (GO) indica que, se não houver alterações no ritmo estabelecido de produção e demanda de arroz no Brasil, haverá um superávit, que varia de 3,4% a 17,1% no período de 2010 a 2020. 

Diante desse quadro, o analista da Embrapa, Carlos Magri Ferreira, autor do trabalho “Projeções do agronegócio do arroz brasileiro”, que foi apresentado no 6º Congresso Brasileiro do Arroz Irrigado (6º CBAI), em agosto, em Porto Alegre (RS), aponta três possíveis alternativas. A primeira seria diminuir o ritmo de evolução da produção, que pode ocorrer nas áreas irrigadas do Sul do país ou nos demais estados produtores. A segunda, estimular o maior consumo, seja in natura ou pela industrialização de derivados. A terceira é exportar o excedente. 

A opção de restringir a produção, na avaliação de Magri, não é interessante, considerando que gerará impactos negativos no aspecto econômico, principalmente para as indústrias instaladas, que ficariam ociosas. A alternativa de aumentar o consumo in natura também é pouco provável de acontecer devido a características nutricionais do arroz e da maior oferta de opções de produtos alimentícios mais convenientes ao padrão de vida das populações. 

Uma alternativa promissora, mas de aplicabilidade lenta, de acordo com o analista, seria utilizar o arroz e seus derivados e subprodutos. “Para isso, seriam necessárias pesquisas para descobrir formas e ajustes de utilização e, certamente, exigirá cultivares com qualidades físicas e químicas distintas das existentes. Desta maneira, os primeiros resultados só seriam alcançados após alguns anos de trabalho. A opção pela exportação é, portanto, a alternativa que se apresenta com possibilidade de dar resposta em curto prazo”, estima Magri. 

ESTUDO

O cenário de projeção da produção de arroz no país no período de 2010 foi obtido da seguinte maneira: considerou que a produção de Santa Catarina permaneça estável, em torno de 1 milhão de toneladas. Este valor foi baseado no fato de que desde 2003 a produção catarinense tem se mantido nesse patamar. A produção no RS foi estimada considerando a taxa de crescimento (linear) de área e produtividade nos períodos de melhores desempenhos do estado – que correspondem, respectivamente, a 2006 a 2009 (1,36% ao ano) e de 1997 a 2009 (2,58% ao ano). 

A produção conjunta dos demais estados, com exceção de Santa Catarina, foi projetada com base na taxa de crescimento da produtividade (3,34% ao ano) e de área (3,7% ao ano). Neste caso, considerou-se todo o período, 1990 a 2009, em virtude do comportamento uniforme.

Momento mais do que oportuno


Magri: relações e compromissos sólidos

O estudo realizado pela Embrapa Arroz e Feijão mostra que, no início, a quantidade excedente (450 mil toneladas) não chega a ser preocupante, visto que o Brasil, no período de 2005 a 2008, exportou, respectivamente, 452,3 mil toneladas, 313,1 mil toneladas e 789,9 mil toneladas, conforme levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). 

Além disso, a quantidade exportada no início da série projetada é semelhante ao que é transacionado no mercado internacional em relação à produção mundial de arroz, isto é, 5%. 

Carlos Magri Ferreira chama a atenção para o fato de que o aumento das exportações também é compatível com o percentual dos países exportadores como Tailândia, Vietnã, Índia, Estados Unidos, Paquistão e China, que exportam, respectivamente, 31%, 16%, 15%, 13%, 8% e 5% da sua produção, de acordo com dados da FAO. “O momento é oportuno, pois a crise mundial do arroz de 2008 mostrou que a futura estabilidade do mercado depende do restabelecimento e da construção de novas relações entre países importadores e exportadores”, diz. 

Magri ressalta que a sustentação da orizicultura brasileira vai depender de encontrar maneiras de consumir os excedentes. “O ideal é que isso ocorra pelo aumento do consumo e da exportação. Num primeiro momento, a opção de exportar é a que pode dar resposta mais rápida, mas para isso é fundamental que o Brasil deixe de ser um ofertante residual e tenha relações e compromissos sólidos com países importadores”, sugere. 

Mesmo diante desta perspectiva, para o analista da Embrapa, o aumento de consumo via industrialização e utilização de derivados e subprodutos não devem ser desprezados, tanto para aumentar as opções, quanto para agregar valor à cadeia produtiva.

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