Fraude do arroz: governo confisca 10,5 toneladas vendidas como tipo superior

 Fraude do arroz: governo confisca 10,5 toneladas vendidas como tipo superior

Fiscais do MAPA recolhem o arroz do tipo 3 vendido como se fosse tipo 1. Marca e responsável serão divulgados no processo judicial.

(Por Por Lara Castelo, g1) O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) apreendeu 10.500 kg de arroz (2.119 pacotes de 5 quilos) que estavam sendo vendidos como um tipo superior ao que eram. O confisco aconteceu em uma rede de supermercados em Araraquara, no interior de São Paulo, no dia 28 de outubro.

A responsabilidade, segundo o Ministério, é da empresa que fez a embalagem do produto, que tem sede no Rio Grande do Sul. Nem a marca de arroz nem a empresa responsável pela embalagem foram divulgados.

Nas embalagens dos itens apreendidos constava que eles eram do tipo 1, quando, na verdade, o Mapa verificou que eles eram do tipo 3 (entenda abaixo). Segundo os fiscais, a irregularidade se caracteriza como fraude ao consumidor.

Mas quais são os tipos de arroz e o eles que significam?

Primeiro, é importante entender que existem dois grupos de arroz: os com casca (que não costumam ser vendidos ao consumidor) e os beneficiados (que levam esse nome por terem passado por um processo que os beneficiou, retirando as cascas, entre outros cuidados). É este que você normalmente encontra no mercado.

Depois de retirarem a casca, o arroz beneficiado é preparado para se tornar uma dessas 3 categorias:

branco: também conhecido como agulhinha ou polido, além da casca, são removidos os farelos, diferente do integral;
integral: tem apenas a casca removida, mantendo os farelos, que são ricos em fibras e proteínas;

parboilizado: passou por um processo de pré-cozimento que mantém alguns nutrientes.

Dentro de cada um desses subgrupos, o governo classifica o arroz em tipos de 1 a 5, conforme a porcentagem da presença de elementos como: impurezas, grãos amarelados, danificados, quebrados, rajados (com pontos vermelhos ou brancos), ardidos (com cor escura) ou quireras (grãos finos e quebradiços).

Quanto maior o número do tipo do arroz (de 1 a 5), maior a presença dessas características. Vale destacar que o tipo do arroz deve constar na embalagem do produto.

Na prática, o valor nutricional de todos os tipos de arroz (1 a 5) é o mesmo, segundo Andressa Silva, diretora executiva da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz). O que muda é o quanto ele vai ficar “soltinho” depois de cozido. Nesse sentido, o tipo 1 é o melhor.

“Os grãos quebrados, por exemplo, deixam o arroz mais pegajoso e, consequentemente, menos ‘soltinho’. Como no Tipo 3 tem maior quantidade de grãos quebrados, ele vai ser menos ‘soltinho’ que o do Tipo 1” , descreve a especialista.

As regras que definem a quantidade limite desses elementos para cada tipo de arroz variam de acordo com o subtipo de cereal (integral, parborizado e branco).

No caso do arroz apreendido pelo Ministério, ele estava classificado como tipo 1, mas foi constatado que ele tinham quase 24,5% do peso correspondente a grãos quebrados e quirera, o que, na verdade, corresponde ao tipo 3.

Confira a seguir os limites de concentração (em porcentagem por peso) desses elementos para o arroz beneficiado polido, conhecido como arroz branco.

Andressa Silva, da Abiarroz, destaca que o maior prejudicado com a venda do arroz com o tipo errado é o consumidor.

“Ele tem o direito de saber qual o produto que está comprando. Além disso, ele acaba perdendo dinheiro, já que o arroz tipo 1 costuma ser mais caro que o 3”, descreve a diretora-executiva da Abiarroz.

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