Bactérias benéficas aumentam a produtividade e a tolerância ao frio em arroz

 Bactérias benéficas aumentam a produtividade e a tolerância ao frio em arroz

 Pesquisa desenvolvida na Univates mostra que bactérias do solo podem induzir efeitos benéficos em plantas de arroz

Normalmente vistas como vilãs e causadoras de doenças em plantas, algumas bactérias do solo podem promover o crescimento e proteger as plantas contra estresses. Com plantas de arroz não é diferente, uma vez que a inoculação de bactérias pode induzir maior tolerância ao frio (figura 1) e até mesmo aumentar a produtividade (figura 2). Esta pesquisa vem sendo desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Biotecnologia da Universidade do Vale do Taquari – Univates, sob coordenação do professor Raul Antonio Sperotto, doutor em Biologia Celular e Molecular, e da professora Camille Eichelberger Granada, doutora em Genética e Biologia Molecular, que juntos orientam o doutorando Eduardo Martins de Souza.

Segundo Sperotto e Granada, as baixas temperaturas causam atraso no desenvolvimento e perdas na produtividade de arroz, resultando em grandes prejuízos econômicos. Devido à dificuldade de manejar este estresse ambiental com as técnicas de melhoramento genético tradicional, tecnologias inovadoras vêm sendo testadas em diversos laboratórios do mundo para induzir a tolerância ao frio em plantas de arroz sem a necessidade de melhoramento genético. Uma alternativa biotecnológica é o isolamento, seleção e identificação de micro-organismos benéficos do solo, que podem atuar como moduladores da resposta de plantas a estresses ambientais, para inoculação em sementes de arroz.

Motivado por esse conhecimento, o grupo de pesquisa da Univates, em colaboração com o Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga – Mara Grohs e Mara Lopes) e Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais (IPR) da PUCRS (Adriana Giongo e Letícia Marconatto), isolou e caracterizou um grande número de isolados bacterianos de solos alagados com plantação de arroz dos municípios de Cachoeirinha e Cachoeira do Sul.

Dez desses isolados foram testados em plantas de arroz submetidas à baixa temperatura, e dois deles mostraram os efeitos mais promissores. Através de técnicas moleculares de sequenciamento gênico, esses isolados foram identificados como pertencentes aos gêneros Kosakonia sp. e Staphylococcus sp., e experimentos posteriores mostraram que quando esses isolados são inoculados em estágios iniciais de desenvolvimento, podem proteger as plantas de arroz dos efeitos negativos da baixa temperatura (figura 1), além de levar a um aumento na produtividade de grãos (figura 2).

“Numa segunda fase da pesquisa, tentaremos entender quais os mecanismos pelos quais as bactérias do solo interferem no metabolismo das plantas de arroz, induzindo a tolerância ao frio e o aumento na produtividade”, acrescentam Sperotto e Granada. De qualquer forma, os dados mostram que a prática de inocular bactérias em plantas de arroz (considerada uma prática biotecnológica) é eficaz e promissora, devendo ser estimulada nos próximos anos.

DR. RAUL ANTONIO SPEROTTO
PROFESSOR E PESQUISADOR DA UNIVATES

DRA. CAMILLE EICHELBERGER GRANADA
PROFESSORA E PESQUISADORA DA UNIVATES

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