Baixo impacto

 Baixo impacto

Preços devem cair na safra,
mas a projeção é de recuperação no segundo semestre do ano
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 O mercado de arroz do Brasil no ano comercial – de 1º de março de 2017 até 28 de fevereiro de 2018 – promete ser ajustado e, uma vez mantido o cenário cambial e político, repetir números e cotações muito similares a 2016. Claro que mudanças na política brasileira e o efeito Donald Trump podem trazer turbulência, bem como as políticas de comercialização da Ásia.

A conjuntura dos dois primeiros meses do ano indica um mercado com margens administráveis para o agricultor que tiver algum fôlego. “Claro que o arrozeiro arrendatário e endividado que captou recursos na indústria ou fornecedores de insumos será mais pressionado para vender na colheita”, reconhece Cleiton Evandro dos Santos, analista da AgroDados e Planeta Arroz.

Para ele, a expectativa de um cenário mais estável está associada a alguns fatores fundamentais, que enumera: o crédito de pré-custeio e financiamento de armazenagem anunciado pelo governo federal, que permite ao produtor fazer frente às despesas sem ofertar grandes volumes de arroz na colheita, quando os preços são mais baixos; o menor nível de estoque em décadas – o da Conab terá 22 mil toneladas apenas; o comportamento do câmbio no período inicial do ano; a safra praticamente idêntica à previsão de consumo; a presença da soja no portfólio dos arrozeiros, que será comercializada num primeiro momento permitindo ao agricultor segurar o arroz para vender mais tarde, por melhores cotações; com a baixa dos referenciais domésticos prevista para o período de colheita (março/abril), o ganho de competitividade do grão brasileiro no mercado exterior permitirá retomar fôlego nas exportações e até um superávit.

“Confirmada essa conjuntura, a trajetória dos preços no mercado interno será de alta no segundo semestre. O desafio dos agricultores é suportar a pressão das contas e ter arroz para vender quando as médias forem lucrativas, acima dos custos de produção”, projeta. Santos também ressalta que há fatores externos e internos que podem alterar este cenário, por exemplo, por uma contaminação de crises políticas no Brasil ou nos Estados Unidos.

ABASTECIMENTO
No entendimento do analista, o cenário perfeito seria a manutenção das vendas externas nos patamares médios das últimas temporadas (em torno de 1,2 milhão de toneladas) e a abertura dos mercados do México e da Nigéria. “É difícil, mas não é impossível. Depende mais deles do que de nós”, avisa. Segundo Santos, apesar da oferta praticamente idêntica à demanda e o baixo estoque de passagem, não há risco de desabastecimento no Brasil. “Os excedentes do Mercosul suprem qualquer demanda à medida em que exportemos mais. E vamos seguir importando por causa da oferta regional a preços competitivos”, assegura.

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