Com destino à renda

 Com destino à renda

Relação entre oferta e demanda indica preços melhores no ano,
mas quem chega até lá?

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 O mercado brasileiro de arroz, deprimido ao longo de 2017, deverá experimentar uma recuperação gradual ao longo do ano comercial 2018/19, que começou no dia 1º de março de 2018 e só termina em 28 de fevereiro de 2019. Isso porque o cenário conjuntural vem mudando e se tornando, em parte, mais positivo para os fundamentos de recuperação dos preços. A notícia, no entanto, vem acompanhada de novidades não tão boas, como uma quebra de safra maior que o esperado no Brasil. E que estas cotações mais elevadas só devem ser alcançadas na metade final do ano.

Tiago Sarmento Barata, diretor comercial do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), considera que os números reportados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em abril apresentaram correções importantes no quadro de oferta e demanda de arroz e fortalecem a expectativa de valorização do cereal no mercado doméstico. “A atualização da balança comercial, que foi levemente positiva, e o consumo do ano passado reduziram mais de 270 mil toneladas no estoque de passagem”, avalia.

Para ele, mesmo com ligeiro aumento na expectativa da safra de março para abril em 100 mil toneladas, haverá uma produção marcada por perdas em relação à colheita do último ciclo produtivo, consolidando a tendência de uma temporada de oferta ajustada à demanda e forte redução da posição de estoque ao longo do ano. “Considerando a expectativa, por parte da Conab, de equilíbrio na balança comercial, projeta-se chegar a fevereiro de 2019 com 420,6 mil toneladas de arroz em estoque, volume suficiente apenas para suprir a demanda doméstica por 13 dias”, indica.

Embora a expectativa da Conab para uma balança comercial ajustada, neste início de 2018 o Brasil tem uma condição competitiva muito favorável com o preço do arroz em dólar em vantagem em relação aos concorrentes do mercado externo. Com isso, por hora, a relação é superavitária.

QUESTÃO BÁSICA
Cleiton Evandro dos Santos, analista da Planeta Arroz, considera que a conjuntura favorável para o decorrer do ano é ótima notícia para o mercado, mas enfatiza que nem todos os produtores poderão comemorar. “Vale ressaltar que para a maior parte dos agricultores chegar à melhor época de preços com volumes importantes de grão para comercializar precisa fazer caixa para quitar seus compromissos ainda no primeiro semestre ou usar o arroz como moeda na quitação das cédulas do produtor rural (CPRs) que garantem o financiamento direto de custeio”. Ele lembra que a pressão de oferta de março e abril não permitiu uma reação importante aos valores praticados no Sul do Brasil, embora tenha registrado melhora de preços para variedades nobres, produzidas em menor escala.

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