Países em pânico antecipam compras de arroz indiano temendo proibição

 Países em pânico antecipam compras de arroz indiano temendo proibição

Trabalhadores descarregam no principal porto de arroz em Kakinada Anchorage, Andhra Pradesh, no sul da Índia, em 2 de setembro de 2021. Foto: REUTERS / Rajendra Jadhav

(Por Planeta Arroz/Reuters) A proibição surpresa da Índia às exportações de trigo levou os comerciantes de arroz a aumentarem as compras e fazerem pedidos incomuns para entregas com prazos mais longos, temendo que o maior exportador de arroz do mundo também possa restringir esses embarques, disseram quatro exportadores indianos à Reuters.

Nas últimas duas semanas, traders assinaram contratos para exportar 1 milhão de toneladas de arroz para embarques de junho a setembro e estão abrindo cartas de crédito (LCs) rapidamente após assinar acordos para garantir que a quantidade contratada seja enviada mesmo que a Índia restrinja as exportações.

Essas compras futuras somam-se a cerca de 9,6 milhões de toneladas de arroz já embarcadas para fora da Índia este ano – em linha com os embarques recordes de 2021 – e podem reduzir a quantidade de grãos disponível para outros compradores durante os próximos meses, à medida que os cronogramas de carregamento forem preenchidos.

“Os comerciantes internacionais fizeram pré-reserva para os próximos três a quatro meses e todos abriram LCs para garantir a continuidade dos negócios”, disse Himanshu Agarwal, diretor executivo da Satyam Balajee, maior exportador de arroz da Índia.

Normalmente, os comerciantes assinam acordos para o mês atual e o próximo.

Compras agressivas da Índia também podem reduzir a demanda por arroz do Vietnã e da Tailândia, segundo e terceiro maiores exportadores do mundo, respectivamente, que estão lutando para competir em preço.

Dados de exportação de arroz da Índia desde 2019

PROIBIÇÃO DE TRIGO

A Índia proibiu no mês passado as exportações de trigo em um movimento surpresa, dias depois de dizer que estava visando embarques recordes este ano. Também impôs um teto nas  vendas de açúcar ao exterior.

A Índia não é um dos maiores exportadores globais de trigo, mas é o segundo maior exportador de açúcar do mundo, atrás apenas do Brasil. Porém, com a situação de guerra entre Rússia e Ucrânia e a frustração da abertura de um corredor de exportações, o fornecimento internacional do trigo está em risco.

Essas restrições levaram à especulação de que a Índia também poderia limitar os embarques de arroz, embora autoridades do governo tenham dito que o país não têm esses planos porque dispõe de estoques de arroz suficientes e os preços locais são mais baixos do que os preços de suporte estabelecidos pelo Estado.

A proibição do trigo na Índia prendeu uma grande quantidade de grãos nos portos porque Nova Délhi só permitiu que contratos apoiados por LCs saíssem. “Normalmente as pessoas abrem LCs enquanto nomeiam um navio. Desta vez abriram LCs para todos os contratos de arroz que estavam pendentes, então caso haja proibição de exportação, pelo menos a quantidade contratada é embarcada”, disse Agarwal.

A Índia responde por mais de 40% do comércio global de arroz.

VANTAGEM DE PREÇO

Os compradores estrangeiros estão procurando arroz indiano porque é muito mais barato que os rivais, disse BV Krishna Rao, presidente da All India Rice Exporters Association.

O arroz branco indiano com 5% quebrado é oferecido entre US$ 330 e US$ 340 por tonelada em uma base FOB, significativamente menor do que os US$ 455 a US$ 460 a tonelada da Tailândia e os US$ 420 a US$ 425 do Vietnã, disseram os revendedores.

Tailândia e Vietnã não são capazes de competir com a Índia e estão tentando explorar maneiras de sustentar os preços, disse o governo da Tailândia.

  • Os preços do arroz na Índia têm sido consistentemente mais baixos
  • do que os preços de exportação do Sudeste Asiático nos últimos 2 anos

Se a Índia restringir as exportações, os preços globais poderão saltar acentuadamente, disse um negociante de Nova Délhi com uma trading global.

“O arroz indiano é mais de 30% mais barato do que outros destinos. Os compradores pobres na Ásia e na África seriam obrigados a pagar preços muito altos se a Índia restringir as exportações. Por isso há uma corrida para comprar arroz indiano”, disse o comerciante.

Bangladesh, China, Benin, Camarões, Nepal, Senegal e Togo são os principais compradores do arroz não basmati da Índia, enquanto o Irã e a Arábia Saudita são os principais compradores de arroz basmati premium.

Principais exportadores e importadores de arroz

A Índia exportou um recorde de 21,5 milhões de toneladas de arroz em 2021, em comparação com as exportações combinadas de 12,4 milhões de toneladas do Vietnã e da Tailândia.

A compra de pânico pelos países importadores era esperada depois que os rumores da proibição começaram a circular porque nenhum outro país pode substituir os embarques indianos, disse um comerciante de Mumbai com uma empresa de comércio global.

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