Melhor que o número 1

 Melhor que o número 1

Impasse na nova classificação do arroz para a indústria.

A cadeia produtiva do arroz do Brasil entregou ao chefe de classificação e certificação do Ministério da Agricultura, Fábio Fernandes, proposta de alteração das novas regras de classificação estabelecidas pela Portaria 269 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em fase de consulta pública. O estudo realizado por pesquisadores gaúchos ligados ao setor sugere a criação do tipo extra, que apresenta qualidade superior ao tipo 1. No encontro, representantes da Federarroz e da Farsul reivindicaram maior prazo para a adequação do cereal em casca, respeitando, assim, o ano agrícola.

A intenção do ministério era aplicar a norma a partir de janeiro de 2003, mas, a pedido dos representantes do setor de produção, o prazo foi prorrogado para março. A proposta gaúcha será distribuída a outros estados. Para o presidente do Irga, Francisco Signor, a meta é fornecer subsídios para que seja adotada uma tabela que valorize a qualidade do cereal gaúcho. A proposta, explica, propõe diferenciação para o grão colhido no Rio Grande do Sul. Com o tipo extra, o nível de tolerância de grãos quebrados e gessados baixa de 10% para 5%.

O presidente do Sindarroz, Élio Coradini, diz que a atual legislação é vulnerável e faz com que grãos de menor qualidade também possam ser enquadrados como tipo 1. O presidente da Federarroz, Artur Albuquerque, manifestou preocupação com os critérios pretendidos pelo Mapa, que deverão reduzir de 85% para 20% o volume de arroz em casca considerado tipo 1 no estado.

A Portaria Ministerial 269, no entendimento de Albuquerque, realmente precisa ser atualizada. Para isso, no entanto, é preciso que haja critérios claros estabelecidos previamente. Explica que atualmente de 85% a 90% do arroz beneficiado é classificado como tipo 1. Com a proposta apresentada pela indústria e técnicos do Irga, modificando os critérios de classificação, este índice cairia – segundo estimativa do presidente da Abrarroz – para 20%. O percentual de tipo extra atingiria outros 10% e o restante passaria a ser classificado como tipo 2 ou menos ainda.

 

Cenários

Entenda os novos critérios

1) Segundo o presidente da Associação Brasileira da Cadeia Produtiva do Arroz, Artur Albuquerque, atualmente a classificação tipo 1 aceita até 11% de defeitos agregados (grãos gessados, arroz vermelho, quebrados, etc). O estudo realizado pelo Irga, com o apoio do Sindarroz, Sindapel e outras entidades representativas, propõe a individualização dos defeitos. Foi fixado um limite. Não interessam os outros defeitos. Se um está acima do índice, o lote é rebaixado na classificação.

2) O Centro-oeste, por esta classificação, estaria produzindo arroz do tipo 3 para baixo, segundo avaliação dos produtores. “A partir deste trabalho, estão sendo tiradas do mercado variedades importantes para os produtores gaúchos, como BR Irga 410, El Paso 144, Bojuru e outras cultivares que ocupam áreas expressivas no Rio Grande do Sul”, frisou. “Sem contar que o Centro-oeste perdeu a variedade Primavera”, acrescenta Albuquerque.

3) Segundo Artur Albuquerque, o prazo de janeiro para as novas regras entrarem em vigor era completamente inviável, pois a lavoura estaria plantada. “Dom Pedrito usa quase 60% de El Paso. Se a medida estivesse em vigor, estaria entrando do tipo 2 para baixo”, acrescenta. Sendo assim, Farsul e Federarroz não apoiaram e solicitaram ao ministério mais 180 dias, como forma de respeitar o ano agrícola. Além disso, os produtores entendem que o foro adequado para discutir o tema é a Abrarroz, que reúne todos os elos da cadeia produtiva. “O objetivo é melhorar e não prejudicar um dos elos desta cadeia. E a medida, como está proposta, só atingirá o produtor”, ga-rantiu Albuquerque.

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