Eduardo Leite revoga decreto que aumentou ICMS da cesta básica

 Eduardo Leite revoga decreto que aumentou ICMS da cesta básica

Foto: Maurício Tonetto/Secom

(Por Luciano Velleda, Sul21) No dia seguinte ao governo federal suspender por três anos as parcelas mensais da dívida do Rio Grande do Sul com a União, o governador Eduardo Leite (PSDB) decidiu também suspender o polêmico decreto que aumentou o ICMS de itens da cesta básica. O decreto entrou em vigor dia 1º de maio, após o governador desistir de aprovar na Assembleia Legislativa um projeto que previa o aumento da alíquota modal de ICMS de 17% para 19%.

A decisão ocorre em meio à maior tragédia climática do Rio Grande do Sul e do Brasil, com enchentes que já causaram a morte de 148 pessoas, além de 124 desaparecidos e mais de 600 mil pessoas fora de suas casas.

O novo gesto é mais um capítulo da longa história do governo gaúcho na tentativa de aumentar o ICMS. No ano passado, Leite encaminhou um projeto para elevar o imposto para 19,5%, mas o texto foi retirado após o governo não conseguir apoio na Assembleia Legislativa. Diante disso, o governador emitiu cinco decretos revisando benefícios fiscais e elevando a tributação da cesta básica, que deveriam entrar em vigor em 1º de abril. Os decretos, contudo, foram questionados pelos parlamentares, incluindo aliados, e empresários, e o governador acabou adiando a entrada em vigor. Em 11 de abril, ele apresentou um novo pacote, cujo ponto principal era a elevação da alíquota modal de 17% para 19%. Novamente houve recuo na tentativa e então o governador voltou ao seu “Plano B”, que era os decretos revisando benefícios fiscais.

O decreto agora revogado determinou que produtos até então isentos de tributação, como leite e pão francês, tiveram acréscimo de 12% no valor por causa da cobrança do ICMS. Outros produtos que pagavam 7% de ICMS, como carnes, arroz, feijão, massas, café e sal, também tiveram acréscimo para 12%. Já o grupo alimentício de frutas, legumes e hortaliças e o grupo de ovos manteriam isenção de ICMS até o final de 2024 e passariam a ser tributados em 12% a partir de janeiro de 2025.

Nos últimos dias, deputados estaduais e representantes da sociedade solicitaram a retirada do decreto que acabava com os incentivos fiscais de itens da cesta básica. A cadeia produtiva do arroz foi contrária ao fim das isenções. Nos supermercados, o arroz, o pão e vários outros produtos sofreram reajuste no dia 1º de maio, já com algumas cidades atingidas pelo início do evento climático que dizimou cidades no Estado. O quilo do pão francês, por exemplo, subiu R$ 2,00 sob o argumento do fim da isenção.

Não faria sentido, na atual situação de calamidade do Estado, a população gaúcha ser penalizada pelo aumento dos impostos, que é o que, em nível do consumidor, na prática aconteceu.

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